PCT Guamá oferece treinamentos que auxiliam na formação de novos cientistas na Amazônia

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Foto: Camila Carvalho / Fundação Guamá

Ceabio, responsável pela capacitação, atua em rede com laboratórios em vários estados do Brasil e também em outros países

Identificar possíveis impactos à saúde e ao meio-ambiente gerados pelo uso de defensivos agrícolas foi um dos objetivos de uma pesquisa de doutorado da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). Para aprimorar uma técnica essencial para os estudos, a pesquisadora Ilze Caroline Gois Braga Pedroso participou de um treinamento intensivo no Centro de Estudos Avançados da Biodiversidade (Ceabio/UFPA), situado no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, em Belém. “É gratificante ter tido a oportunidade de participar de um treinamento tão relevante à ciência e aos debates gerais sobre exposição de indivíduos a agrotóxicos em um Parque de Ciência e Tecnologia”, afirma.

O treinamento sobre a técnica de cultivo de linfócitos, um tipo de célula de defesa do organismo, é essencial para o aperfeiçoamento da análise de biomarcadores, que são parâmetros científicos para visualizar o efeito de um potencial risco no organismo alvo. O método ensinado no Ceabio possibilita a verificação de anormalidades nos núcleos celulares e a verificação do crescimento de células cancerígenas de indivíduos em potencial exposição aos agrotóxicos. 

Produção de conhecimento em rede

Instalado no PCT Guamá,  o Ceabio possui laboratórios equipados com tecnologia de ponta e especializados em análise celular, cultura celular, análise cromossômica, estudos ambientais e ecotoxicidade, sendo referência em pintura cromossômica na Amazônia, uma técnica que utiliza sondas de DNA marcadas com moléculas que emitem luz quando excitadas por uma fonte específica, e permite a identificação e marcação de cromossomos nas células.

Julio Pieczarka, coordenador do Centro, explica que o espaço atua em rede com outros laboratórios localizados em vários estados do Brasil e também em outros países. Os treinamentos oferecidos tem como principal objetivo a produção de conhecimento e resultam de parcerias entre pesquisadores. “Muitas vezes os colegas de outras instituições enviam seus alunos para cá para serem treinados em algum tipo de trabalho que eles estão desenvolvendo, já que nosso Centro oferece tecnologia suficiente para essas capacitações. Recentemente recebemos também alunos do Rio de Janeiro e Tocantins, que foram capacitados e retornaram para suas universidades com um novo aprendizado”, explica Julio Pieczarka, coordenador do Ceabio”, reforça.

As capacitações são atividades práticas realizadas no Ceabio, onde um pesquisador é alocado para acompanhar a rotina de doutorandos e pós-doutorandos, aprendendo novas técnicas para aplicá-las ao longo da estadia, com a supervisão de um membro do laboratório. A duração depende da metodologia utilizada no treinamento, para técnicas mais simples, a extensão é de uma semana. Já técnicas complexas, que exigem testes diversos, variam entre 15 dias a dois meses. Desde o retorno das atividades do Centro, em 2022, uma dezena de pesquisadores participaram de capacitações.

Os treinamentos auxiliam na formação de novos cientistas na Amazônia, contribuindo para o avanço técnico na região e também para a colaboração em rede entre pesquisadores. “A formação de pessoas é importante porque essas pessoas são multiplicadoras e irão transformar outras pessoas. Nós não fazemos ciência pela ciência, nós fazemos ciência com foco no desenvolvimento local, para ajudar o desenvolvimento social e a melhoria da qualidade de vida da sociedade em função da ciência”, ressalta Julio.

Foi a crescente expansão do cultivo de soja nos municípios paraenses de Santarém, Belterra e Mojuí dos Campos que motivou a pesquisa sobre os danos à saúde e ao meio ambiente, provocados por produtos usados no controle de seres vivos nocivos ao homem e plantações. Para a professora Cleusa Nagamachi, pesquisadora do Ceabio e orientadora do trabalho, a capacitação é essencial para a difusão de conhecimentos científicos entre universidades. “A aluna precisava desse conhecimento para dar continuidade à pesquisa, mas em Santarém esse treinamento ainda não é oferecido. A ideia é que ao voltar para a Ufopa, ela consiga repassar o conhecimento e utilizar as técnicas aprendidas nos laboratórios de lá”, destaca.

Serviço

Pesquisadores interessados em participar de capacitações no Ceabio podem entrar em contato pelos números de telefone (91) 3201-7142 / (91) 99144-6438 e pelos endereços de e-mail juliopieczarka@gmail.com / julio@ufpa.br

Referência em inovação na Amazônia

O PCT Guamá é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Técnica e Tecnológica (Sectet), que conta com a parceria da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e gestão da Fundação Guamá.

É o primeiro parque tecnológico a entrar em operação na região Norte do Brasil e tem como principal objetivo estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável.

Situado em uma área de 72 hectares entre os campi das duas universidades, o PCT Guamá conta com mais de 30 empresas residentes (instaladas fisicamente no parque), mais de 60 associados (vinculadas ao parque, mas não fisicamente instaladas), 12 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos, com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará (Eetepa) Dr. Celso Malcher, além de atuar como referência para o Centro de Inovação Aces Tapajós (Ciat), em Santarém, oeste do Estado.

Membro da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), da Associação Internacional de Parques de Ciência e Áreas de Inovação (Iasp), o PCT Guamá faz parte do maior ecossistema de inovação do mundo.

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