Laboratório de Engenharia Biológica torna mais acessível a tecnologia de uso de DNA

Estrutura faz parte do Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá

Por Carol Menezes (Secom)
Foto: Bruno Cecim/Ag. Pará

Fruto da Rede Paraense de Genômica e Proteômica (RPGP), criada como projeto do Governo do Estado no ano de 2008, o Laboratório de Engenharia Biológica (Engbio) tem como foco a democratização das tecnologias de DNA recombinante, mais especificamente, o sequenciamento de DNA e a bioinformática, consideradas essenciais dentro do contexto do conhecimento da biodiversidade amazônica. A estrutura também faz parte do Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, ligada à Universidade Federal do Pará (UFPA) e conta com recursos estaduais e ainda com parcerias junto à iniciativa privada.

No mês nacional da Ciência, Tecnologia e Inovação, a quarta matéria da série dedicada ao tema apresenta um dos laboratórios que tornou o Pará uma referência nacional e internacional, a ponto de elevar do nível 5 para o nível 6 o curso de pós graduação em Genética.

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“O sucesso dessas iniciativas naquela época fizeram com que fosse reservado um espaço, um laboratório só com essa tecnologia, para disponibilizar serviços à comunidade. Obviamente, a tecnologia do DNA hoje em dia é muito mais conhecida, você pode não saber nada de bioquímica, mas se perguntar na rua o que é DNA vão saber responder”, Artur Silva, coordenador.

Artur Silva, coordenador do Engbio, e Rafael Barauna, professor e pesquisador do local

Utilização – Além de mais acessível, atualmente há uma demanda industrial muito grande e do comércio também por esse tipo de abordagem, segundo o pesquisador. “Dentro dos planos do Governo do Estado, esse laboratório tem papel estratégico, e o desdobramento das ações que a gente tem aqui, da competência que tem aqui, terão reflexos, brevemente, dentro da comunidade, sociedade de maneira geral”, antecipa.

Além de profissionais e estudiosos da Saúde, como farmacêuticos, biólogos e biomédicos, lá atuam também profissionais das áreas de Informática e Estatística. “Quando você sequencia o DNA, são três bilhões de ‘letrinhas’, 30 mil gens. Para organizar, só mesmo um computador. Por muito tempo, tivemos o computador mais rápido do Estado, e ainda hoje é dos que faz cálculos mais rápidos para poder fazer a montagem do genoma. Temos aqui pessoas que fazem esse tipo de análise e que são de um ramo completamente diferente do nosso. A Genômica não é uma ciência aplicada ou fim, e sim básica, e a partir dela é possível fazer várias aplicações. É uma ciência multidisciplinar, é integrativa. Por isso o grupo de pesquisadores é composto de diferentes áreas e competências”, detalha Artur.

Bio – Para entender o tamanho da importância do Engbio, é indissociável a relação com a biodiversidade. “Sabemos que trata-se de um dos maiores patrimônios que o Pará tem. E que os esforços tanto do Governo do Estado quanto do Governo Federal para essa manutenção, apesar de haver boa vontade, são corrompidos pelo povo, e isso não tem ajudado a manter a floresta em pé. Vem a pergunta: por que a população não ajuda? Por que ela tem uma necessidade de alguma forma, ou econômica, de fazer o desmatamento? De 1500 para cá ainda temos 70% de cobertura nativa da floresta, e isso é muito. Ainda mais de se pensarmos em 500 anos, no grau de desenvolvimento que a gente chegou, porque somos uma Amazônia completamente diferente de todas as outras. Temos uma economia muito forte e baseada no minério, nas cadeias produtivas. Então a manutenção dessa floresta não faz sentido para o povo. É mais barato você derrubar um hectare para alimentar uma vaca do que você manter aquele hectare em pé, assim como é mais interessante derrubar um hectare de mata nativa para fazer plantação de soja”, relaciona o coordenador do Laboratório.

Em termos mais técnicos, o Engbio é especializado na realização de serviços que demandam técnicas de engenharia genética, produção de proteínas recombinantes e outros insumos básicos para o setor biotecnológico. Oferece serviços como diagnósticos, produção de insumos e kits de diagnósticos, sequenciamento de ácidos nucleicos, bioinformática, produção de moléculas recombinantes, manutenção e produção de células e quantificação de expressão de genes.

“Há problemas que impedem o sucesso do aproveitamento da biodiversidade. É uma cadeia de valores. Pensando nisso, o Governo estabeleceu aquelas metas até 2030 para o Pará de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) funcionando no Estado, sendo um só para aproveitamento econômico da biodiversidade. O que naquela época a gente chamava assim agora chama de bioeconomia. Nome moderno para coisa antiga. Foi lançado o Programa Paraense de Incentivo ao Uso Sustentável da Biodiversidade Amazônica [Biopará, que gerencia os investimentos feitos nos laboratório] para valorizar ativos químicos que a gente não conhece”, relata Artur.

Professor e pesquisador do Engbio, Rafael Barauna avalia que há poucas estruturas na região Norte capazes de oferecer uma tecnologia tão de ponta para sequenciamento de DNA. “A gente tem aqui um serviço muito importante, porque não há como desacoplar biodiversidade e genética”, confirma.

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