PCT Guamá é modelo para construção de parque de ciência e tecnologia no Amazonas

Fundação Guamá planeja governança do Parque Científico e Tecnológico do Alto Solimões
Foto: Fundação Guamá

Fortalecer o desenvolvimento socioambiental e a integração entre instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), empresas e comunidades locais estão entre os principais objetivos da criação do Parque Científico e Tecnológico do Alto Solimões (PaCTAS), sob coordenação do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR).

A Fundação Guamá, gestora do Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, é a responsável pela elaboração do modelo de governança interinstitucional do novo parque com participação da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Instituto Federal do Amazonas (Ifam). A sede do PaCTAS será implantada em Tabatinga (AM), na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, região estratégica para os três países.

Um esforço concentrado para ampliar o diálogo com empresas e instituições localizadas nos três países foi realizado nesta segunda quinzena de agosto, com objetivo de delinear potenciais e desafios no âmbito do PaCTAS, para a integração entre o setor empresarial, as instituições que produzem conhecimento e as comunidades. Neste sentido, as equipes da Fundação Guamá, do MIDR e da coordenação do PaCTAS participaram de uma série de encontros em Manaus, Tabatinga e Letícia (Colômbia), seguindo para Lima e Iquitos (Peru) nesta semana. As reuniões em Tabatinga e Letícia contaram com a participação do Centro de Inovação Mapati e da Incubadora INPaCTAS, integrantes do ecossistema do PaCTAS.

A criação de um modelo de governança interinstitucional e transnacional, sob responsabilidade da Fundação Guamá e que tem o PCT como modelo, é fundamental para o sucesso desse ecossistema, segundo Taciana Coutinho, professora da Ufam e coordenadora do projeto PaCTAS. “A governança interinstitucional é essencial para garantir que os benefícios do parque e dos seus componentes sejam distribuídos de forma equitativa entre as comunidades da tríplice fronteira, promovendo um desenvolvimento alinhado com os desafios globais, como as mudanças climáticas e a preservação da biodiversidade”, exemplifica.

Em Tabatinga, foi realizada uma reunião interinstitucional na sede da UEA, com a participação de todas as instituições envolvidas na governança do PaCTAS. Em seguida, foram organizadas visitas técnicas em empresas locais para escuta dos seus representantes sobre as oportunidades e dificuldades vivenciadas na região. Esses encontros ocorreram durante o período da seca do rio Solimões, considerada a mais severa desde 2023 em decorrência das mudanças climáticas, conforme apontam estudos realizados na região.

Foto: Fundação Guamá

A necessidade de qualificação dos trabalhadores locais foi apontada pelos representantes das empresas como um dos grandes problemas enfrentados na região. Desafios logísticos e dificuldades de acesso a mercados foram outros entraves relatados pelas empresas Pescado Solimões, Pietá Pães da Amazônia, Açaí Amazonas e pelo setor de manejo do pirarucu, consumido e comercializado em abundância no local. Em Letícia, na Colômbia, a cervejaria Amazone Beer e o hotel ecológico El Refugio também receberam as visitas técnicas.

Diante deste cenário, o PaCTAs e o Centro de Inovação Mapati são fundamentais para oferecer suporte técnico e promover a inovação na região. Ambos têm potencial para capacitar as empresas locais em demandas específicas, ajudando-as a superar barreiras operacionais. Por meio de treinamentos, esses centros podem aumentar a competitividade e a sustentabilidade dos negócios, que são fundamentais para o desenvolvimento econômico da tríplice fronteira.

Alessandra Gomes, representante da Pescado Solimões, apresentou a sede da empresa à equipe, e explicou sobre as atividades desenvolvidas. Para ela, o PaCTAS terá um papel estratégico para o desenvolvimento local. “Fazemos questão de apoiar essa iniciativa porque temos projetos para ampliar nossas atividades na região, como a produção de polpas de frutas, e, futuramente, queremos fazer um hotel, mas precisamos do apoio dessas instituições e de capacitação de mão de obra, que são necessidades urgentes na região”, observou.

Ainda em Tabatinga, a comissão do PaCTAS se reuniu com os comandantes da Capitania dos Portos, capitão de fragata Rafael Soares, e do Exército, tenente-coronel Adelino Ribeiro Júnior. A parceria com as forças armadas deverá ser estratégica para as áreas de ciência, tecnologia e inovação voltadas à segurança e à defesa territorial. Estuda-se também a possível instalação do PaCTAS em terreno da Capitania dos Portos em Tabatinga, o que poderá garantir segurança e estabilidade aos residentes do parque.

Nos dias anteriores, em Manaus, as reuniões foram dedicadas às relações interinstitucionais em torno da implementação do PaCTAS, envolvendo Ufam, UEA, Ifam, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), do Governo do Estado do Amazonas, Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam) e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Rodrigo Quites, diretor presidente da Fundação Guamá, avalia que a rodada de visitas em Manaus, Tabatinga e Letícia proporcionou diálogos importantes para o desenho da governança do novo parque. “O PaCTAS vai estimular a criação de novas tecnologias e de empresas inovadoras, além de fomentar a pesquisa voltada para as necessidades da tríplice fronteira tendo o PCT como um modelo, que é uma referência na Amazônia. Essa interação com as instituições que vão integrar ou interagir com o parque é fundamental para a constituição de um modelo de governança que tem características muito específicas, envolvendo a cooperação transfronteiriça”, observa.

Foto: Fundação Guamá

Vitarque Coelho, coordenador geral de Gestão do Território do MIDR, observou que há empresas da Zona Franca de Manaus interessadas em integrar o PaCTAS, “visando a substituição de insumos artificiais por insumos da biodiversidade na composição dos seus produtos e como forma de firmarem compromisso com a responsabilidade socioambiental”, explicou.

Nesta semana, parte da equipe seguiu para Lima e Iquitos, no Peru. Segundo o coordenador do MIDR, o objetivo da missão é apresentar o projeto PaCTAS e conhecer iniciativas que possam compor o ecossistema de inovação internacional envolvendo Brasil, Peru e Colômbia, o que poderá permitir acesso a recursos financeiros voltados ao desenvolvimento socioambiental da região por meio de instituições como Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).

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