Com uma população de 2,5 milhões de habitantes, a Região Metropolitana de Belém (RMB) é responsável por produzir 803 mil toneladas de lixo urbano todo ano, ou seja, são 2,2 mil toneladas de resíduos por dia, segundo a Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos. No Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, o Núcleo de Controle Ambiental (NCA), desenvolve, a partir de cooperações internacionais, projetos com tecnologias capazes de resolver problemas relacionados aos resíduos sólidos na região amazônica.
O NCA atua com pesquisas, estudos, levantamento de dados e serviços como a elaboração de projetos, estudos técnicos e operação de sistemas de água, esgoto e resíduos sólidos para o setor público e privado. Dezenas de trabalhos já foram desenvolvidos para prefeituras, organizações não governamentais e iniciativas privadas, nas áreas de recursos hídricos, saneamento básico e meio ambiente. “Não existia na região metropolitana de Belém um escritório técnico onde prefeituras, Estado, e empresas pudessem trabalhar os problemas de clima e resíduos sólidos, então atuamos com projetos estratégicos que possam ser desenvolvidos no Pará, captando assistência técnica de universidades como a de Braunschweig, na Alemanha, do Porto, em Portugal, instituições de notório saber e reconhecimento mundial”, explica o pesquisador Neyson Mendonça, coordenador do núcleo
Municípios recebem capacitação sobre manejo do lixo urbano – O NCA teve participação na capacitação realizada pela Fundação de Amparo ao Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), com doze municípios paraenses (Abaetetuba, Ananindeua, Barcarena, Belém, Benevides, Cametá, Capanema, Marituba, Paragominas, Santa Bárbara, Santa Izabel do Pará e Vigia), e ainda das secretarias de meio ambiente e de obras públicas do Governo do Estado.
O treinamento desenvolvido com as prefeituras apresentou ferramentas para gestão sustentável de resíduos sólidos. “A capacitação visou implementar a gestão de resíduos sólidos com a menor emissão de gases de efeito estufa, contribuindo assim para a manutenção do melhor clima na região amazônica. Foram feitas e trabalhadas tecnologias na área dos resíduos sólidos como triagem, compostagem, incineração, ou seja, um conjunto de tecnologias capazes de se adequar a uma dada realidade para o melhor aproveitamento e valorização dos resíduos sólidos”, enfatiza Neyson.
O trabalho com as prefeituras foi uma ação importante para apresentar alternativas sustentáveis para o manejo do lixo urbano e discutir o problema da inativação correta de lixões, ainda em operação em algumas cidades do Pará. A capacitação foi realizada no período de abril a setembro de 2022 com diversos encontros e atividades nos municípios atendidos. O coordenador explica que a partir dessas atividades, cada gestão pode avaliar e definir ações que atendam ao novo marco legal de saneamento. “Cada prefeitura vai adotar qual é a melhor forma de gerenciamento a ser implementado, e se essa implementação visa também uma valorização dos resíduos. Com isso, nós podemos gerar empregos para dar uma sustentabilidade maior e também pensar na otimização do custo”.
Ferramentas tecnológicas – A capacitação foi uma ação do Ministério do Desenvolvimento Regional, através da Secretaria Regional de Saneamento, com ajuda do governo alemão, e que no Pará teve a parceria da Universidade Federal do Pará. As ações tiveram como objetivo melhorar a gestão de resíduos nessas cidades através de ferramentas como rotas tecnológicas, de cobrança, de coleta seletiva e encerramento de lixões, e se mostraram acessíveis ao clima e as diferenças regionais no Pará. Entre os resultados desse trabalho estão a necessidade de maior capacitação técnica das prefeituras, e a identificação de custos para implementação dessas ferramentas, uma espécie de assistência técnica que inclusive segue disponível no Núcleo de Controle Ambiental, instalado no PCT Guamá.
O PCT Guamá – O PCT Guamá é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Técnica e Tecnológica (Sectet), que conta com a parceria da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e gestão da Fundação Guamá.
É o primeiro parque tecnológico a entrar em operação na região Norte do Brasil e tem como principal objetivo estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável.
Situado em uma área de 72 hectares entre os campi das duas universidades, o PCT Guamá conta com mais de 40 empresas residentes (instaladas fisicamente no parque), mais de 60 associados (vinculadas ao parque, mas não fisicamente instaladas), 12 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos, com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará (Eetepa) Dr. Celso Malcher, além de atuar como referência para o Centro de Inovação Aces Tapajós (Ciat), em Santarém, oeste do estado.
O PCT Guamá integra a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), da Associação Internacional de Parques de Ciência e Áreas de Inovação (IASP). Ou seja, o Parque faz parte do maior ecossistema de inovação do mundo.