Que tal aprender geometria visitando as pirâmides do Egito ou a Torre Eiffel em Paris? Alunos de duas escolas públicas em Belém fizeram essa “viagem” através do GeoMeta, um aplicativo desenvolvido pela empresa Inteceleri, residente do Parque de Ciência e Tecnologia Guamá, e que leva o usuário para um espaço metaverso, um mundo digital onde a pessoa tem as mesmas sensações do mundo real como, por exemplo, ir ao shopping, ou conversar com amigos.
Através da ferramenta, o usuário se torna um aluno e junto com um professor virtual vive experiências que não seriam possíveis presencialmente em sala de aula. Com o aplicativo é possível ensinar a teoria básica da geometria plana e espacial, baseada em objetos do cotidiano, que são convertidos em formas geométricas regulares, para facilitar o aprendizado e a aplicação prática desse conhecimento.
Uma metodologia específica foi pensada para auxiliar o uso do recurso tecnológico. Além da interação com as formas geométricas presentes na sala de aula virtual, aluno e professor também se apropriam de conhecimentos históricos e culturais dos lugares visitados no espaço digital. “É importante que nessa imersão esses objetos se convertam em formas regulares da matemática, da geometria. Então a proposta é exatamente que isso faça parte do cotidiano do aluno, não só dentro do ambiente virtual, mas na casa dele, na escola” explica Walter Júnior CEO da empresa responsável pelo aplicativo. O app será lançado durante a 25ª edição da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes.
Etapas de desenvolvimento
A proposta de criar o aplicativo para a realidade virtual surgiu em 2021, e foi amadurecida a partir da expansão do metaverso. O produto foi desenvolvido em nove meses, por uma equipe multidisciplinar nas áreas de tecnologia e educação. Ao longo de três meses, testes foram realizados com alunos e professores de duas instituições da rede pública, a Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará e a Escola de Ensino Técnico Dr. Celso Malcher, ambas localizadas no bairro Terra Firme. “É mágico para eles, é uma novidade colocar os óculos e visualizar, andar e manipular. Tudo que é prático e foge do tradicional é sempre um atrativo. Eu acho que essa é a função da tecnologia: mostrar toda potencialidade que essas estratégias podem trazer para o processo de ensino e aprendizagem”, comenta a professora Cleonice Dourado, que participou da experiência.
Uma atividade de diagnóstico foi realizada com as turmas do ensino fundamental para identificar qual o nível de conhecimento dos estudantes, e o que eles sabiam sobre geometria básica. A equipe pedagógica realizou uma aula tradicional, com explicações expositivas, e em seguida os alunos tiveram contato com o aplicativo. “Houve melhoria na aprendizagem desses alunos, com avaliações diferentes, mas equivalentes, no sentido do nível de complexidade. Só o recurso tecnológico não garante uma aula interessante, o todo está na metodologia. No final, nós fizemos uma avaliação com os alunos onde eles diziam pra gente o que mais gostaram, o que aprenderam. Ao todo, 60% da turma disse que gostou muito da aula expositiva, já que com o aplicativo eles conseguiram enxergar o que nós estávamos falando. Então a gente percebe que existe um combinado, não é a aula sozinha, ou o aplicativo sozinho, é um combinado de coisas”, detalha Bárbara Chagas, coordenadora pedagógica da iniciativa.