No Pará, a pecuária é um dos ramos da economia mais relevantes e, atualmente, gera mais de 400 mil empregos no estado. Porém, o setor, bem como outros, apresenta desafios e precisa constantemente atualizar-se e buscar alternativas para que os produtos lançados no mercado mantenham-se com qualidade. Como forma de se conhecer mais e se discutir o assunto, o Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, de Belém, participou nessa quinta-feira (19) de uma visita técnica realizada a industria Mercúrio Alimentos AS, que trabalha com a marca Mafripar e localiza-se na cidade de Castanhal, no Pará.
O encontro foi mais uma ação do Grupo de Trabalho da Pecuária Intensiva, que faz parte do Programa Pará 2030, desenvolvido pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme). O grupo presente conheceu as etapas do processo produtivo da empresa visitada e debateu várias questões a respeito da pecuária paraense, como mapeamento de produtos, infraestrutura, ambiente, normas, processos e critérios de controle de qualidade da carne.
Além do PCT, a reunião contou com representantes da Universidade Federal do Pará (UFPA), da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), da Embrapa Amazônia Oriental, da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet), da Sedeme e do Sindicato da Indústria da Carne e derivados do Estado do Pará (Sindicarne Pará).
Em relação à pecuária do estado, o PCT Guamá, representado na visita técnica por Lucélia Guedes, tem a missão de produzir um plano de trabalho que seja constituído por laboratórios P&D, pesquisadores e tecnologias que viabilizem a construção de um banco de dados, o qual possibilite o uso de identificadores de genes que contribuam para o melhoramento da carne local. Esse plano também contempla reforçar a competitividade do setor no mercado e otimizar os sistemas produtivos utilizados e as questões nutricional, sanitária e reprodutiva.
“Discutir sobre um ramo da economia tão importante para o Pará, por meio de uma visita técnica num local de produção, é muito enriquecedor. Com esse tipo de visita, podemos conhecer mais profundamente as demandas e necessidades do setor e debater e propor planos que possam contribuir para a constante melhoria da qualidade da carne do estado”, destacou Lucélia Guedes.
Academia, pesquisas e mercado – Representante do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFPA, o professor Otávio Ohashi, que atua na área de biotecnologia da reprodução considera que, com a ajuda da aplicação de pesquisas e tecnologias, houve um avanço na qualidade do processo da carne local, porém ainda há o que se melhorar. “Essa articulação entre universidades, demais instituições governamentais e empresas é essencial. Esse avanço é perceptível, mas não podemos ficar parados. Precisamos conhecer cada vez mais o que está sendo produzido pelas empresas e, partir do que for observado, propor e realizar pesquisas que contribuam para o desenvolvimento do setor”, considerou o docente.
A visita técnica contou também com a presença do presidente do Sindicarne Pará, Daniel Freire. Inicialmente, ele frisou que, para se discutir os processos de produção da cadeia da carne, é necessário conhecê-los profundamente. Por isso, de acordo com o presidente do sindicato, esse tipo de reunião, num local de produção, é indispensável.
Como destinos, os produtos da pecuária paraense figuram nos mercados local, nacional e internacional – com exportações, principalmente, para Hong Kong e Egito. O presidente do sindicato destacou a representatividade da cadeia da carne, frisou que o produto contribui consideravelmente para o Produto Interno Bruto (PIB) do estado, mas fez ressalvas quanto aos destinos de vendas.
Segundo ele, hoje, a carne paraense tem 35 destinos, “enquanto que o que é produzido no setor pelo estado de Mato Grosso, por exemplo, possui 70 destinos, ou seja, o dobro. Então, precisamos trabalhar mais para que possamos oferecer uma carne de melhor qualidade e, assim, conquistar novos mercados. Diante desse cenário, percebe-se que há desafios a serem vencidos em alguns setores, como nos ambientais, sanitários e fiscais. Para isso, é muito importante a utilização de pesquisas e conhecimentos técnicos e inovadores, para que se possam encontrar as melhores soluções para esses desafios”, finalizou Daniel Freire.
Além da Fundação Guamá, representantes de universidades e outras instituições discutiram demandas e necessidades da cadeia da carne no estado do Pará