
As pesquisas realizadas pelo Laboratório de Genética e Biologia Celular (GenBioCel), com apoio do Governo do Pará, vêm se consolidando como estratégicas para o fortalecimento da bioeconomia e para o avanço no monitoramento ambiental da Amazônia. Com impacto direto nas áreas de saúde, agricultura e conservação, os estudos reforçam o papel da ciência na promoção de um desenvolvimento sustentável
“Fazer ciência de alta qualidade exige pessoas qualificadas, infraestrutura adequada e recursos financeiros, daí a importância dos investimentos públicos. O GenBioCel é um ambiente de inovação científica, onde são conduzidos estudos em Genética da Conservação, Epigenética e Biotecnologia de produtos, a partir de análises em nível celular”, destaca a coordenadora do laboratório, Renata Noronha.
Entre os projetos desenvolvidos com o apoio da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), estão o biomonitoramento epigenético de populações expostas a poluentes ambientais, com foco no município de Barcarena; a avaliação de efeitos celulares e epigenéticos de bioprodutos amazônicos; e pesquisas em citogenômica voltadas à conservação de vertebrados aquáticos. Um dos resultados recentes foi a caracterização do óleo de bicho, originário da Ilha do Marajó, que apresentou potencial terapêutico e segurança para o tratamento de doenças cutâneas.

Instalado no Centro de Estudos Avançados da Biodiversidade (Ceabio), da Universidade Federal do Pará (UFPA), e residente do Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, o GenBioCel reúne uma equipe especializada em genética e biologia celular, formada por pesquisadores, colaboradores e 14 estudantes de graduação e pós-graduação.
“O GenBioCel é um exemplo concreto do impacto transformador que a ciência pode gerar em prol da saúde, do meio ambiente e da sustentabilidade. Ao apoiar esse e outros laboratórios residentes, reafirmamos o compromisso do PCT Guamá e do Governo do Pará com a valorização da biodiversidade amazônica e com a construção de soluções que melhorem a vida das pessoas”, destaca João Weyl, diretor-presidente da Fundação Guamá.
Epigenética e conservação ambiental
Referência na pesquisa epigenética aplicada à biodiversidade amazônica, o GenBioCel investiga como fatores externos e internos podem influenciar a expressão dos genes, mesmo sem alterar a sequência do DNA. Segundo a coordenadora, esses fatores podem estar relacionados ao ambiente, alimentação, estilo de vida ou experiências.
“A partir do momento em que estudamos genes ligados à reprodução, crescimento e desenvolvimento desses organismos e identificamos possíveis impactos de poluentes ambientais, podemos atuar preventivamente. Determinar, por exemplo, que um rio está contaminado e que isso está prejudicando o desenvolvimento de espécies é fundamental para evitar desequilíbrios ambientais e prejuízos à biodiversidade amazônica”, ressalta Renata Noronha.

Um exemplo prático desse trabalho é o serviço de monitoramento ambiental epigenético prestado à empresa Ultracargo, em Barcarena. Além disso, os estudos do laboratório também têm impacto direto na bioeconomia, uma vez que a qualidade de produtos alimentícios, farmacêuticos ou biotecnológicos depende da saúde dos organismos utilizados em sua produção.
Referência em inovação na Amazônia
O PCT Guamá é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Pará (Sectet), com as parcerias da UFPA e Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), com a gestão da Fundação Guamá.
É o primeiro parque tecnológico da região Norte do Brasil, e visa estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável, a fim de melhorar a qualidade de vida da população.
Localizado às margens do Rio Guamá, que dá nome ao complexo, o PCT está situado entre os campi das duas universidades, e conta com um ecossistema rico em biodiversidade, estendendo-se por 72 hectares, destinados a edificações e à Área de Proteção Ambiental (APA) da Região Metropolitana de Belém.
O complexo conta com mais de 30 empresas residentes (instaladas fisicamente no Parque), mais de 40 associados (vinculados ao Parque, mas não fisicamente instalados), 12 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos e uma escola técnica.
O PCT Guamá integra a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e International Association of Science Parks and Areas of Innovation (Iasp), e faz parte do maior ecossistema de inovação do mundo.