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Pesquisa mostra potencial medicinal do “mel de açaí” e do uso sustentável da biodiversidade

Estudo aponta ação antioxidante, anti-inflamatória, antibacteriana e antitumoral do “mel de açaí”
Foto: Bruno Cecim – Agência Pará

Um estudo inédito realizado por pesquisadores do Centro de Valorização de Compostos Bioativos da Amazônia (Cvacba), vinculado a Universidade Federal do Pará (UFPA) e instalado no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, em parceria com a Embrapa Amazônia Oriental e a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), revelou que o mel obtido a partir do néctar das flores do açaizeiro (Euterpe oleracea) apresenta propriedades bioativas elevadas. Produzido por abelhas africanizadas (Apis mellifera), o chamado “mel de açaí” demonstrou alta capacidade antioxidante, além de efeitos anti-inflamatórios, antibacterianos e antitumorais.

A pesquisa foi publicada na revista científica internacional Molecules e comparou amostras de mel de açaí, coletadas nos municípios paraenses de Breu Branco e Santa Maria, com méis monoflorais de outras regiões do Brasil, como mel de aroeira (Minas Gerais), cipó-uva (Distrito Federal), timbó (Rio Grande do Sul) e mangue (também no Pará). Os resultados apontam que o mel de açaí possui até quatro vezes mais capacidade antioxidante do que o mel de aroeira, considerado um dos mais potentes do país.

Sabor, cor e funcionalidade únicos

Além das propriedades terapêuticas, o mel de açaí também se destacou por suas características sensoriais: coloração entre âmbar e escura, menor dulçor e notas de sabor que remetem ao café, bem avaliadas por especialistas em testes sensoriais. Para ser classificado como mel monofloral no Brasil, é necessário conter mais de 45% de pólen de uma única espécie vegetal, critério atingido pelas amostras analisadas no PCT Guamá, que apresentaram alta concentração de pólen de Euterpe oleracea.

Foto: Bruno Cecim – Agência Pará

Segundo o professor e pesquisador do Cvacba, Nilton Muto, coordenador do estudo, a composição química diferenciada do mel de açaí está relacionada à presença de compostos como flavonoides, ácidos fenólicos, batilol e heptacosanol, com ação comprovada contra processos oxidativos no organismo. “Essas substâncias têm potencial para prevenir doenças inflamatórias, cardiovasculares e até cânceres. O mel de açaí se destaca como um produto genuinamente amazônico, com valor funcional e nutricional agregado”, afirma.

Biodiversidade como motor de inovação

A pesquisa também ressalta o papel estratégico do mel de açaí na valorização da biodiversidade da Amazônia e na promoção de cadeias produtivas sustentáveis. A presença das abelhas no cultivo do açaí melhora significativamente a polinização da palmeira e, consequentemente, a produtividade dos frutos, chegando a aumentar em até 30% a produção em áreas manejadas. Com isso, além de gerar um produto de alto valor agregado, a prática contribui para o manejo sustentável da floresta e fortalece a bioeconomia local.

O estudo foi desenvolvido no âmbito do projeto Agrobio, financiado pelo Fundo Amazônia/BNDES, que tem como foco a inovação a partir da biodiversidade amazônica e o fomento de modelos produtivos sustentáveis com base em conhecimentos científicos e tradicionais.

Potencial para novos produtos terapêuticos e cosméticos

Os compostos bioativos identificados no mel de açaí abrem caminho para o desenvolvimento de fitoterápicos, cosméticos naturais e alimentos funcionais. Segundo o artigo, as propriedades antimicrobianas e cicatrizantes do produto também podem inspirar novas aplicações na medicina, embora sejam necessários testes clínicos para validar sua eficácia terapêutica. “Estamos preparando propostas de parcerias com empresas dos setores de cosméticos, alimentos funcionais e fitoterápicos para transformar esse conhecimento em inovação acessível ao mercado”, explica Muto.

Foto: Bruno Cecim – Agência Pará

Além do mel de Apis mellifera, o estudo destaca a importância de fomentar a meliponicultura (criação racional de abelhas nativas sem ferrão) como uma atividade complementar, sustentável e culturalmente enraizada na Amazônia. Espécies como Melipona, Scaptotrigona e Trigona produzem méis de alto valor nutricional e medicinal, com grande potencial comercial e importância ecológica.

Contribuição científica e desenvolvimento regional

Os dados obtidos oferecem subsídios para ensaios clínicos, processos regulatórios junto à Anvisa e, futuramente, a inserção do mel de açaí em cadeias produtivas formais. A expectativa é que o produto se consolide como um dos expoentes da bioeconomia amazônica, associando inovação tecnológica, valorização da floresta em pé e geração de renda para populações locais.

Foto: Bruno Cecim – Agência Pará

“Nosso objetivo é avançar na validação biológica do mel de açaí, por meio de estudos in vivo e clínicos, além de estabelecer pontes entre ciência e mercado com foco em sustentabilidade e valorização da biodiversidade”, conclui Muto.

“O PCT Guamá tem desempenhado um papel fundamental na promoção da inovação baseada na biodiversidade amazônica. Este estudo é fruto da colaboração e compromisso com o desenvolvimento sustentável que gera valor para a sociedade e meio ambiente. Esses resultados mostram que é possível produzir e conservar ao mesmo tempo”, comenta João Weyl, diretor-presidente da Fundação Guamá, Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT) que gere o complexo.

Referência em inovação na Amazônia

O PCT Guamá é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), com as parcerias da UFPA e Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), com a gestão da Fundação Guamá.

É o primeiro parque tecnológico da região Norte do Brasil, e visa estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável, a fim de melhorar a qualidade de vida da população.

Localizado às margens do Rio Guamá, que dá nome ao complexo, o PCT está situado entre os campi das duas universidades, e conta com um ecossistema rico em biodiversidade, estendendo-se por 72 hectares, destinados a edificações e à Área de Proteção Ambiental (APA) da Região Metropolitana de Belém.

O complexo conta com mais de 30 empresas residentes (instaladas fisicamente no Parque), mais de 40 associados (vinculados ao Parque, mas não fisicamente instalados), 12 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos e uma escola técnica.

O PCT Guamá integra a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e International Association of Science Parks and Areas of Innovation (Iasp), e faz parte do maior ecossistema de inovação.

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