O Amazônia Tech: Conferência Pan-Amazônica de Ciência e Tecnologia, evento que reuniu especialistas do Brasil e do Peru, encerrou-se nesta sexta-feira (29), no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá.
A programação incluiu palestras, painéis, rodas de conversa, rodadas de negócios, pitches (apresentações rápidas de ideias), exposição de empresas e atrações culturais.
Entre os destaques do último dia, estiveram temas como inovação tecnológica para um futuro sustentável, conhecimento tradicional aliado à tecnologia na Amazônia, a importância da juventude para a região e o impacto da COP 30 na Amazônia.
O encerramento do Amazônia Tech foi marcado pelas projeções de vídeo mapping na fachada no Espaço Inovação, enquanto os shows do Arraial do Pavulagem e Suanny Batidão animaram o público.
As discussões contaram com a participação de representantes de universidades, instituições de fomento e empreendedores, para debater negócios de impacto, que são iniciativas que buscam gerar impacto social ou ambiental positivo ao mesmo tempo que são financeiramente sustentáveis.
Para o Prof. Dr. Jesus Nazareno, coordenador do Centro de Valorização de Compostos Bioativos da Amazônia (CVACBA), laboratório da Universidade Federal do Pará (UFPA) residente do PCT Guamá, os desenvolvimentos científicos devem se relacionar também com o público externo a universidade. “Nós atuamos com as cadeias produtivas. É importante pensar em tecnologias que possam ser transferidas a esse público para trazermos ideias que possam servir de parceria com o laboratório. Temos cinco startups parceiras que atuam em conjunto conosco e exportam suas produções, o que é positivo para todos”.
Deuzinei Pinheiro Miranda, representante do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), instituição residente do PCT Guamá, apontou os caminhos da empresa para fomentar parcerias estratégicas. “Fazemos os chamamentos públicos, que possuem um problema e uma solução especificados. Dele, podem surgir propostas que podem se tornar novos produtos e virar uma parceria. A vantagem das parcerias é que as startups têm dificuldade em escalar, e nós do Serpro temos expertise e a parceria estratégica para tornar possível”.
Polo tecnológico e parceria internacional
Durante o Amazônia Tech, dois importantes projetos foram anunciados voltados à inovação e ao empreendedorismo, reforçando a conexão entre atores globais e locais no ecossistema tecnológico.
O primeiro destacou o acordo firmado entre o Núcleo de Gestão do Porto Digital Europa (NGPD), em Portugal, a Associação de Desenvolvimento Criativo (APDE) e o PCT Guamá. Esta parceria estratégica tem como objetivo fomentar a inovação e o empreendedorismo por meio de ações como intercâmbio de empresas entre os ecossistemas das partes envolvidas, suporte à instalação de negócios em ambas as regiões, participação de startups em programas conjuntos e iniciativas para a inserção de empresas em mercados globais. O acordo tem caráter não exclusivo, validade inicial de cinco anos e poderá ser renovado mediante avaliação. As partes envolvidas assumirão os custos das atividades e garantiram o cumprimento das legislações de proteção de dados, como a LGPD e o GDPR.
O segundo revelou o Innovation Grid, um polo que será instalado no PCT Guamá, criado pela Eletrobras para conectar e engajar agentes do ecossistema de inovação. Com foco na transição energética, o polo promoverá soluções inovadoras através de iniciativas de inovação aberta, projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PDI), parcerias tecnológicas e transferência de tecnologia. A plataforma busca atrair talentos, desenvolver novos modelos de negócios sustentáveis e atender às demandas estratégicas da empresa, contribuindo para a sociedade e o meio ambiente. Além disso, o Innovation Grid fortalecerá a relação da Eletrobras com universidades, startups, institutos de pesquisa e outros parceiros, tanto nacionais quanto internacionais.
Esses anúncios reforçam o compromisso do PCT Guamá em posicionar a região como um centro estratégico para inovação e sustentabilidade, conectando ideias em escala global.
Referência em inovação na Amazônia
O PCT Guamá é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Técnica e Tecnológica (Sectet), que conta com a parceria da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e gestão da Fundação Guamá.
É o primeiro parque tecnológico a entrar em operação na região Norte do Brasil e tem como principal objetivo estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável.
Localizado às margens do rio que dá nome ao complexo, o PCT Guamá está situado entre os campi das duas universidades e conta com um ecossistema rico em biodiversidade, estendendo-se por 72 hectares, destinados a edificações e à Área de Proteção Ambiental (APA) da Região Metropolitana de Belém.
O complexo conta com mais de 30 empresas residentes (instaladas fisicamente no parque), mais de 40 associados (vinculadas ao parque, mas não fisicamente instaladas), 12 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos, com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará (Eetepa) Dr. Celso Malcher, além de atuar como referência para o Centro de Inovação Aces Tapajós (Ciat), em Santarém, oeste do Estado.
Membro da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), da Associação Internacional de Parques de Ciência e Áreas de Inovação (Iasp), o PCT Guamá faz parte do maior ecossistema de inovação do mundo.