Um grupo de representantes da Fundação Guamá – que administra o Parque de Ciência e Tecnologia Guamá, em Belém -, do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) e da coordenação do Projeto do Parque Científico e Tecnológico do Alto Solimões (PaCTAS) realizou uma agenda de visitas ao Peru, envolvendo governos locais, instituições e empresas voltadas à Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). O objetivo é dialogar sobre a necessidade de integração do ecossistema em formação de Parques de Ciência e Tecnologia (PCTs) envolvendo os países que compõem a tríplice fronteira amazônica: Brasil, Peru e Colômbia.
Durante a missão, uma Carta de Intenções foi celebrada entre a Universidad Nacional de La Amazonia Peruana (Unap), a Fundação Guamá e a Hero Startup, aceleradora de empresas que opera no País. Rodrigo Quites Reis, diretor-presidente da Fundação Guamá, informa que o objetivo da conexão é fomentar a colaboração entre laboratórios dos parques transfronteiriços, além de permitir que as empresas tenham apoio para negócios entre os países.
“A ideia da cooperação é que as empresas residentes no PaCTAS possam ter apoio para realização de atividades na infraestrutura a ser criada no país vizinho, e vice-versa. Além disso, os laboratórios dos parques da tríplice fronteira amazônica irão construir portfólios de serviços complementares para melhor atender às demandas da região. Estamos com a intenção de estender esta conexão com produtos e serviços das empresas e residentes do PCT Guamá, também havendo uma conexão de inovação e empreendedorismo de uma ponta a outra da região amazônica”, explica Rodrigo Quites.
Cooperação – A assinatura da Carta de Intenções sobre o acordo de cooperação entre a Unap, Fundação Guamá e Hero Startup foi apontada por Vitarque Coelho, coordenador-geral de Gestão do Território do MIDR, como principal resultado da missão. “O acordo já foi participado ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, à unidade de Amazônia do Banco Interamericano de Desenvolvimento e à Organização do Tratado de Cooperação Amazônica. Essas instituições sinalizaram com recursos para a estruturação desse ecossistema regional de inovação, observando seu caráter transnacional. Temos uma conquista que nos permite avançar na negociação com as instituições multilaterais de financiamento e apoio institucional”, informa o coordenador-geral.
A Fundação Guamá, também gestora do Centro de Inovação ACES Tapajós, em Santarém, no oeste paraense, foi contratada pelo MIDR para desenvolver um modelo de gestão para o PaCTAS, que será implementado no município de Tabatinga, no Estado do Amazonas, respeitando características próprias, como a atuação transfronteiriça das empresas e das instituições locais voltadas para uma economia que se desenvolva, principalmente, a partir do uso sustentável da biodiversidade.
Conexão ao Pacífico – A criação de uma rota de ciência, tecnologia e inovação entre Brasil, Colômbia e Peru é fundamental para solucionar problemas da região, defende Taciana Coutinho, professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e coordenadora do projeto do PaCTAS. “A missão nos permitiu compreender melhor a situação dos parques e ambientes de inovação do Peru e seus desafios. A região precisa se dinamizar a partir da inauguração do Porto de Shankai, ao norte de Lima, que abre uma hidrovia de conexão ao Pacífico. Gostaria de destacar também nossa integração com a Embaixada do Brasil no Peru, que além de fortalecer a comitiva do País, abriu possibilidades para novas cooperações técnicas com temáticas específicas de interesse das empresas dos dois países”, avalia Taciana Coutinho. Segundo a coordenadora, a agenda foi fortalecida pelo apoio local da Hero Startup, parceira da Fundação Guamá no Peru.
Arturo Coral, CEO da Hero Startup, especialista em Desenvolvimento de Ecossistemas de Inovação e Empreendedorismo na América Latina, apoiou a missão internacional apresentando o contexto local e os avanços nas áreas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e Empreendedorismo Inovador no Peru, incluindo os fundos existentes, a maturidade do ecossistema e outros elementos das instituições visitadas. A contribuição da Hero Startup foi crucial para conectar os objetivos da missão
Ainda segundo Arturo Coral, os três países compartilham a maior biodiversidade do planeta, e o estabelecimento de agendas multinacionais pode gerar um impacto global significativo. Ele ressaltou que os parques tecnológicos e centros de inovação, em fase de construção, terão o apoio da Hero Startup, do PCT Guamá e de uma rede mundial, como a Associação Internacional de Parques de Inovação (Iasp).
“As áreas amazônicas desses três países cobrem grande parte da bacia amazônica e formam a região com maior biodiversidade do mundo, cuja vasta riqueza biológica será fundamental nos projetos de inovação, conservação e desenvolvimento a serem discutidos na COP 30 (conferência mundial sobre mudanças climáticas), em Belém”, acrescenta Arturo Coral.
Serviços especializados – Milksom Campelo, gerente de Tecnologia e Mercado da Fundação Guamá, observa que a experiência da Fundação com a gestão de ambientes de inovação é estratégica para a concepção transfronteiriça da governança do PaCTAS, “considerando o que construímos nos últimos anos com o PCT Guamá, em Belém, e o Centro de Inovação ACES Tapajós, em Santarém, onde uma rede de cooperação foi criada para fornecer serviços especializados em duas regiões do Pará. Essa experiência será aperfeiçoada na tríplice fronteira”.
Representantes das instituições visitadas no Peru, como Unap, Câmara de Comércio de Iquitos e o governo da Província de Loreto, também foram convidados pela comitiva brasileira a participar da primeira oficina de planejamento do Programa de Bioeconomia e Desenvolvimento Regional (Bioregio), no Alto Solimões, coordenado pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, como estratégia de implementação da Política Nacional de Desenvolvimento Regional. O evento será realizado em Tabatinga, no próximo mês de outubro.