Questões ambientais e a necessidade de novas práticas para preservar a floresta reforçam a urgência de um novo modelo de economia baseado na utilização de meios renováveis, de um modo de vida onde os recursos naturais sejam a matéria prima. Na Amazônia, entre as várias possibilidades de bioprodutos, estão as plantas que produzem óleos e manteigas, e podem ser utilizadas em diversas modalidades econômicas.
O Laboratório de Óleos da Amazônia (LOA/UFPA), instalado no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT) Guamá, em Belém, especialista em análises de plantas oleaginosas da Amazônia, tem contribuições para a bioeconomia no Pará. “A partir do momento que óleos e as manteigas vegetais têm esse papel de protagonismo, um laboratório como o LOA também passa a ser peça importante nesse contexto porque o que nós fazemos é estudar todas essas plantas, e também gerar inovação a partir desses materiais”, enfatiza Luís Adriano Nascimento, pesquisador do laboratório.
Em agosto passado, o LOA foi destacado no programa Globo Repórter. A reportagem destacou o potencial do Pará na utilização de recursos naturais aliados a novas tecnologias, para a criação de produtos e serviços mais sustentáveis. O espaço no PCT Guamá oferece serviços para empresas e indústrias.
“O laboratório é da UFPA, faz pesquisas, mas além disso, por estar dentro do Parque de Ciência e Tecnologia, também faz prestação de serviço, e está aberto a parcerias com o setor produtivo. Já fizemos contatos com grandes indústrias nacionais e multinacionais, e também com médios e pequenos empreendimentos, extrativistas e coletores de sementes. O laboratório realiza mais de 20 tipos de análises físicas, químicas e cromatográficas, para identificar a qualidade dos óleos, também atendemos empresas que têm interesse em desenvolver novos produtos”, acrescenta Luís Adriano.
Plantas oleaginosas e novos produtos – As plantas oleaginosas, estudadas no PCT Guamá, produzem frutos e sementes ricos em óleos e gorduras. Esses alimentos são nutritivos e benéficos para a saúde, devido às suas propriedades. Entre as espécies das quais se pode extrair óleos e manteigas estão o buriti, a andiroba, o cupuaçu, a castanha-do-Pará, o tucumã, a copaíba, entre outras. Em diversos setores industriais, como farmacêutico, alimentício e de cosméticos, novos produtos são obtidos através de insumos naturais oriundos da cadeia de produção dos óleos vegetais. As características dessas sementes variam bastante, tanto em forma quanto na qualidade das gorduras que produzem. No Pará, elas são riquezas naturais, que estão cada vez mais sendo estudadas e exploradas, explica o pesquisador.
Cacau, açaí e a bioeconomia no CVACBA – Outro laboratório, também instalado no PCT Guamá, que participou da reportagem sobre bioeconomia, foi o Centro de Valorização de Compostos Bioativos da Amazônia (CVACBA/UFPA), que atua com pesquisas na cadeia produtiva do cacau, açaí, mel, além da biotecnologia e processos para o desenvolvimento de novos produtos. No espaço são feitas análises microbiológicas, padronização de produto, extração e purificação de compostos bioativos vegetais, análises sensoriais, teste de qualidade, entre outros. São inúmeras possibilidades para atender produtores e empresas paraenses.
“O CVACBA vem trabalhando em prol do desenvolvimento sustentável da fruticultura na Amazônia há cerca de 25 anos. A equipe agrega maior valor sobre a fração mais nobre do produto, tanto através de estudos nutricionais e farmacêuticos quanto de desenvolvimento de tecnologias apropriadas para seu uso nos interiores da região. Na última década, o CVACBA também ampliou seus trabalhos, pesquisando soluções para o reaproveitamento dos resíduos das frutas”, detalha Herve Rogez, pesquisador do laboratório.
O PCT Guamá – O PCT Guamá é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Técnica e Tecnológica (Sectet), que conta com a parceria da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e gestão da Fundação Guamá.
É o primeiro parque tecnológico em operação na região Norte do Brasil e tem como principal proposta estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável.
Situado em uma área de 72 hectares entre os campi das duas universidades, o PCT Guamá conta com mais de 40 empresas residentes (instaladas fisicamente no parque), mais de 60 associados (vinculadas ao parque, mas não fisicamente instaladas), 12 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos, com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará (Eetepa) Dr. Celso Malcher, além de atuar como referência para o Centro de Inovação Aces Tapajós (Ciat), em Santarém, oeste do estado.
É membro ainda da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e da Associação Internacional de Parques de Ciência e Áreas de Inovação (Iasp).
Serviço: Os serviços dos laboratórios instalados no PCT Guamá estão disponíveis para empreendimentos de todos os tamanhos. Interessados devem entrar em contato pelo e-mail lab.pct@fundacaoguama.org.br ou telefone 33218900.