O presidente francês, Emmanuel Macron, foi presenteado com um MiritiBoard VR, óculos de realidade virtual, feito de miriti, árvore nativa da Amazônia. O acessório foi desenvolvido no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá, pela empresa Inteceleri, residente do complexo. O presente foi entregue durante um evento em homenagem aos 140 anos da Aliança Francesa, em Paris. A notícia foi divulgada na rede social da organização, na semana passada.
A presidente da Aliança Francesa, em Belém, Sabine Galvão, foi quem entregou a lembrança. “A senhora Sabine levou os óculos de miriti ao presidente para valorizar o artesanato, todas as competências locais, produtos e a tecnologia feita na Amazônia”, detalha Justine Delefortrie, diretora da escola de idiomas na capital paraense.
A parceria entre a Aliança Francesa e a startup Inteceleri começou em 2021, quando a instituição de ensino se interessou em utilizar os óculos de realidade virtual como parte da metodologia de aprendizado do idioma. A ferramenta tecnológica, com um ambiente interativo, e também com o metaverso, que simula a realidade, facilitou a didática com os estudantes, através de trilhas de aprendizagem que foram criadas.
“Nas trilhas, nós usamos a tecnologia para gerar e facilitar o processo de ensino e aprendizagem, proporcionando uma experiência imersiva, onde ela gera conhecimentos teóricos, depois conhecimentos intrínsecos, que façam sentido para o aluno e por último a transformação de tudo em prática” explica Walter Junior, CEO da Inteceleri.
A cooperação da startup do PCT Guamá com a instituição em Belém deve continuar. A ideia é captar recursos para ampliar o aplicativo Geometa, que permite o aprendizado de geometria plana e espacial dentro do metaverso, trazendo novos elementos da língua e da cultura francesa, e assim os estudantes poderão aprender matemática e francês simultaneamente no ambiente virtual. “Estamos usando óculos de miriti para ensinar a língua francesa, e agora estamos em colaboração com a Inteceleri para também incluir o francês dentro do Geometa”, comenta Justine.
O projeto visa atingir cerca de 150 mil estudantes da rede pública no Pará e no Amapá. “Depois que nós conhecemos a Aliança, tivemos um destaque muito grande no mundo todo, e com isso a embaixada Francesa ficou interessada em nos conhecer também. Estabelecemos um contrato, que possibilita patrocínios e investimentos, para que possamos trazer mais elementos conectados à língua francesa para o nosso aplicativo”, acrescenta Walter Junior.
Tecnologia para educação na Amazônia
O MiritiBoard VR é um óculos de realidade virtual que utiliza a fibra de miriti como matéria-prima, e foi desenvolvido pela Inteceleri em 2017 para promover a imersão de alunos e professores em espaços virtuais, facilitando a aprendizagem de disciplinas como geometria, geografia, entre outras atividades. O acessório oferece um aprendizado dinâmico e sustentável, e torna o processo de ensino, principalmente para crianças e adolescentes, mais atrativo, através de uma metodologia de ensino inovadora com demonstrações práticas de conceitos em várias áreas do conhecimento.
No mercado de tecnologia para educação desde 2014, a Inteceleri atua na criação de jogos e metodologias inovadoras, com o objetivo de ajudar professores e alunos de maneira mais dinâmica. Mais de 450 mil alunos nos estados do Pará, Amapá, Ceará, Maranhão e Amazonas, já foram alcançados pelos projetos desenvolvidos pela startup instalada no parque tecnológico do Pará.
Sobre o PCT Guamá – O PCT Guamá é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Técnica e Tecnológica (Sectet), que conta com a parceria da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e gestão da Fundação Guamá.
É o primeiro parque tecnológico a entrar em operação na região Norte do Brasil e tem como principal objetivo estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável.
Situado em uma área de 72 hectares entre os campi das duas universidades, o PCT Guamá conta com mais de 40 empresas residentes (instaladas fisicamente no parque), mais de 60 associados (vinculadas ao parque, mas não fisicamente instaladas), 12 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos, com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará (Eetepa) Dr. Celso Malcher, além de atuar como referência para o Centro de Inovação Aces Tapajós (Ciat), em Santarém, oeste do estado.
É membro ainda da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e da Associação Internacional de Parques de Ciência e Áreas de Inovação (Iasp).
Texto de Ayla Ferreira, com supervisão de Sérgio Moraes