O Laboratório de Tecnologia Supercrítica (LABTECS) da Universidade Federal do Pará (UFPA), instalado no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, avançou em pesquisas e aumentou a escala de extração supercrítica da castanha-do-Brasil, também conhecida como castanha-do-Pará.
O aumento é resultado da conclusão de uma etapa de um projeto em parceria com o The Good Food Institute (GFI), e os insumos gerados serão aplicados no desenvolvimento de produtos destinados ao mercado vegetariano e indústrias, agregando ainda mais valor à matéria-prima da região amazônica.
Atualmente, o LABTECS conta com dois equipamentos de extração. Um de escala laboratorial, com vasos de extração de 10, 50 e 100 ml e um equipamento de escala piloto, com capacidade de 1 litro. Um equipamento com capacidade de 5 litros será montado nos próximos dias, aumentando a capacidade produtiva.
Da castanha-do-Brasil, os pesquisadores pretendem obter diversos produtos, como óleo com perfil de ácidos graxos mais insaturado e elevada atividade antioxidante; farinha desengordurada; extrato aquoso da farinha desengordurada com maior teor de carboidratos, de compostos bioativos como polifenois e atividade antioxidante e concentrado fibroso-proteico em pó.
Ao final da pesquisa, espera-se elaborar um hambúrguer e um nugget vegetal com os ingredientes obtidos nos processos de extração supercrítica.
“Os estudos dos parâmetros de extração se iniciam no equipamento de menor escala e esses resultados fornecem informações para a projeção de equipamentos, melhores condições de extração, otimização de tempo e gasto energético, entre outros, tornando possível escalonar o processo, de acordo com as demandas do mercado”, explica Raúl Carvalho, coordenador do LABTECS.
Milksom Campelo, coordenador de transferência de tecnologia e negócios da Fundação Guamá, organização social gestora do PCT Guamá, explica que a conexão do conhecimento ao mercado desenvolve soluções úteis às pessoas.
“O trabalho de pesquisa aplicada para o desenvolvimento de novos produtos demonstra a importância de um ambiente de inovação que propicia o contato direto da demanda com a solução. Esse processo conecta os avanços da academia à sociedade diante de suas necessidades específicas. A Fundação Guamá se dedica para criar estas oportunidades que refletem em novos negócios, empregos e melhoria da qualidade de vida da população”.
Parceria com o GFI – O The Good Food Institute é uma organização internacional sem fins lucrativos que trabalha com cientistas, investidores e empreendedores para desenvolver alimentos inovadores e acelerar a inovação do setor de proteínas alternativas.
A parceria do LABTECS com o GFI se deu a partir do “Projeto Biomas” que tem o objetivo de incentivar pesquisas para produção de proteína com vegetais nativos do Brasil, para substituir os produtos cárneos tradicionais.
O tema da pesquisa é “Estudo e Aplicação da Extração Supercrítica da Castanha-do-Brasil em Formulações Proteicas de Hambúrgueres e Nuggets Vegetais”.
Um dos principais motivos que levou projeto a ser selecionado foi a aplicação da tecnologia supercrítica para obtenção dos ingredientes, pois além de ser uma tecnologia amigável ao meio ambiente por não utilizar solventes tóxicos, ainda permite a obtenção de produtos de alto valor agregado a partir de matérias-primas amazônicas, situado no cenário atual da bioeconomia e beneficiando as cooperativas extrativistas locais para o beneficiamento da castanha-do-Brasil.
Laboratório de Tecnologia Supercrítica – O LABTECS nasceu a partir do grupo de pesquisa GTEC-Amazônia, da UFPA, e foi criado com investimentos do Governo do Estado, por meio do Programa BioPará de estímulo de crescimento da bioindústria, da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (FAPESPA). Conta com o apoio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (SECTET), utiliza metodologias com bases científicas para pesquisar, desenvolver, aplicar e avaliar a qualidade e o alto potencial dos produtos obtidos destinados à indústria, com o intuito de atender às necessidades do mercado através da tecnologia e inovação.
Parque de Ciência e Tecnologia Guamá – O PCT Guamá é uma obra do Governo do Pará resultado de uma parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).
É o primeiro parque tecnológico a entrar em operação na região Norte do Brasil, e tem como principal objetivo estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável.
Situado em uma área de 72 hectares entre os campi da UFPA e da UFRA em Belém, o Parque conta com mais de 40 empresas residentes, mais de 60 associados e 15 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos. É membro da Associação Internacional de Parques de Ciência e Áreas de Inovação (IASP), maior ecossistema de inovação do mundo.