Iniciativa é resultado da integração entre residentes do Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá
Cerca de 20 alunos da Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará (Eetepa) Dr. Celso Malcher participam do curso de Desenvolvimento Web promovido pelo EstaleiroUX, o laboratório de inovação do Banpará, uma das iniciativas instaladas no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, em Belém.
Situada no PCT Guamá, a escola integra, desde 2020, a rede de unidades sob gestão da Sectet. O curso é resultado da articulação da Fundação Guamá, organização gestora do parque tecnológico, para aproximar a Eetepa das demais iniciativas instaladas.
Em abril de 2020, professores da escola e representantes de empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) do PCT Guamá se reuniram para pensar possíveis ações conjuntas.
“Esse encontro foi o nosso primeiro contato com os professores. Vimos que a escola técnica tinha uma boa atuação na área e perguntamos a eles se seria interessante a gente ensinar Desenvolvimento Web pros alunos. Eles gostaram da ideia e a parceria surgiu”, conta Vicent Tadaiesky, analista de sistemas do laboratório de inovação do Banpará e um dos instrutores do curso.
A formação tem cerca de 40 horas de carga horária, com foco em front-end, área da programação responsável pelo design, interface de navegação e ferramentas de interação com o usuário, por exemplo.
O EstaleiroUX já prevê um segundo curso para introduzir os alunos em back-end, parte da programação voltada ao funcionamento interno de um software, como sistemas, banco de dados, envio e recebimento de informações, segurança de dados, entre outros.
“Os alunos que saem do ensino médio procurando uma graduação na área, já com esse conhecimento de programação, além de conseguir estágio mais fácil, também tem um desenvolvimento mais rápido no curso”, afirma Tadaiesky.
“Apagão” na área de TI
Em 2019, a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom) apontou um déficit potencial, anual, de 24 mil profissionais em TI. Segundo o estudo, o número de formados chegava a 46 mil alunos por ano, enquanto a demanda estimada, entre 2019 e 2024, alcançaria aproximadamente 70 mil.
“O desenvolvimento de software envolve profissionais de diferentes tipos, pessoas que atuam em programação, projetos de banco de dados, interface com usuário, arquitetura de software, entre outros. Precisamos de pessoas de diferentes níveis para desenvolver essas atividades e um profissional formado em nível médio consegue atuar com desenvoltura, por exemplo, em atividades de testes”, explica o gestor da Fundação Guamá, Rodrigo Quites Reis.
“Então, de um lado, temos a demanda do mercado e, do outro, a oportunidade de fornecer contato com uma tecnologia nova que pode ser um grande diferencial pra evolução profissional desses alunos”, complementa o gestor.
Vocação da escola
De olho nesse cenário, a escola Dr. Celso Malcher já possui cursos do tipo em sua grade, a exemplo da Formação Inicial e Continuada (FIC) de Desenvolvimento Mobile realizada em 2020, onde os alunos e professores desenvolveram o aplicativo EspiAí.
Pensado como um canal de comunicação interna, o app foi redesenhado por conta da pandemia e se tornou uma ferramenta importante no distanciamento social, com a concentração de conteúdo das bases técnica e comum.
A iniciativa foi reconhecida pelo Governo do Estado através do prêmio Inova Servidor, onde o aplicativo levou o quarto lugar na categoria “Inovação em Serviços e Políticas Públicas na Administração Pública Estadual” em 2020.
“Nossa intenção é estender o projeto ‘EspiAí’ aos outros anos de escolaridade, para assim, alcançarmos um número maior de alunos e promovermos a aprendizagem via programação desde os anos mais básicos. Esse curso é uma das parcerias que estão surgindo com residentes do PCT Guamá e também com projetos externos situados na UFPA”, informa o coordenador de integração da escola, Andrey Rabelo.
Aluno do segundo ano do curso técnico de informática para Internet, Lucas Costa (17), vê seu futuro em meio a computadores, aplicativos e jogos. “Eu pretendo seguir carreira nessa área. Quero fazer programação pra poder desenvolver aplicativos e jogos e, depois de um tempo, eu quero me formar em design gráfico”, afirma.