Da floresta à mesa. Este é o lema da Fazenda Bacuri, empresa associada ao Parque de Ciência e Tecnologia Guamá que está ganhando força no mercado nacional e internacional, apostando na biodiversidade amazônica, com foco em produtos orgânicos. A empresa teve início da década de 70 quando Henrique Osaqui, o patriarca da família, adquiriu a propriedade no município de Augusto Corrêa, a 250 km de Belém. De forma empírica, ele começou a fazer o manejo do bacurizeiro, observando a brotação por raiz, período de floração, frutificação, período de safra, polinizadores, formatos de frutos, viabilidade econômica, chegando a implantar um sistema agroflorestal na propriedade.
Em 2009, a filha, Hortênsia Osaqui, começou a assumir a fazenda para dar continuidade ao trabalho do pai, preservando a identidade do que havia sido construído até então e modernizando a propriedade para aumentar o retorno financeiro. Foi então que a família passou a planejar um arranjo econômico, fazendo a manutenção das áreas de manejo, verticalização da produção por meio da implantação de uma agroindústria para o aproveitamento das frutas, artesanato, avicultura alternativa com o aproveitamento do sub bosque do bacurizeiro, meliponicultura utilizando abelhas nativas e turismo de experiência.
Em 2014 inauguraram a agroindústria artesanal para processar polpa de frutas, doces, geleias, compota, licores e biscoitos de massa de mandioca. Atentos às questões ambientais, em 2016 tiveram a iniciativa de buscar a certificação orgânica para o mercado brasileiro mas, sabendo da força dos produtos, já estavam se preparando para, no ano de 2017, ter certificação orgânica válida também na Comunidade Europeia e nos Estados Unidos. Foram cerificados por auditoria pela IBD, maior certificadora da América Latina. Hoje são uma empresa familiar pioneira na certificação orgânica e na verticalização de produtos acabados no estado do Pará.
“Para um pequeno produtor confesso que não é fácil, porque é um investimento econômico alto, mas é um paradigma que precisamos quebrar porque os sistemas de produção na agricultura familiar em nosso Estado estão, em sua maioria, relacionados com o homem em uma horta e não numa pequena agroindústria. Não estou desmerecendo esse produtor, mas temos condições e capacidade de não sermos apenas produtores de matéria prima”, afirmou a empresária Hortensia Osaqui.
Rede de apoio – Enquanto pequenos produtores, a Fazenda Bacuri tem se cercado por um rede de instituições com competências em diferentes áreas para o bom desenvolvimento do seu negócio, como a Secretária de Desenvolvimento Agricultura e Pesca (Sedap), a Secretária de Turismo (Setur), a Adepará, a Emater, a Embrapa, a Universidade Federal Rural da Amazônia, o Instituto Federal do Pará, o Sebrae no Pará, a Fiepa, dentre outros.
No Parque de Ciência e Tecnologia Guamá a empresa tem apoio do Programa de Qualificação para Exportação da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (PEIEX/Apex-Brasil). Por meio do programa, foram criadas estruturas e fichas técnicas para os produtos e implantação de planilhas de controle.
A empresa conta também com o apoio do Guamá Business, unidade de negócios do parque tecnológico. Por meio da unidade, a Fazenda Bacuri contratou, a preços diferenciados, os serviços do Centro de Valorização de Compostos Bioativos da Amazônia (CVACBA), laboratório de ponta com expertise em produtos da biodiversidade local. O centro realizou análises físico-químicas dos produtos para que a empresa pudesse atender as exigências do mercado externo.
Participação em feiras – A qualidade dos produtos desenvolvidos e a certificação abriram portas para a Fazenda Bacuri. Neste ano, no mês de junho, a empresa participa de importantes feiras do setor, a Bio Brazil Fair/Biofach América Latina, considerada o maior evento de negócios de produtos orgânicos da América Latina e a Saitex 2017, maior feira multisetorial do continente africano. A participação nas duas feiras veio em decorrência de chamadas públicas realizada pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), ligada à Casa Civil da Presidência da República. Para a primeira feira a secretaria selecionou 10 empreendimentos e para a segunda, 8.
Em 2016, o volume de negócios prospectados pelas cooperativas selecionadas pela Sead na Saitex ultrapassou R$4 milhões. Nas últimas edições, os produtos do brasil também foram negociados no mercado chinês e europeu.
Texto: Juliane Frazão – Ascom PCT Guamá
Fotos: Danillo Paixão/Divulgação