Se lembrar da diferença entre produto e negócio. Esta foi a principal mensagem que Aleksander Levental, CEO da Feathr, startup americana que já arrecadou alguns milhões de dólares em investimento, compartilhou durante o 3DS Checkpoint, evento gratuito realizado nos dias 17 a 19 de março no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá), em Belém.
A ação foi uma realização da 3 Day Startup (3DS), organização internacional que já desenvolveu mais de 300 programas de estímulo ao empreendedorismo pelo mundo, inclusive em universidades como Oxford e Harvard. Em Belém, o evento contou com a parceria do Departamento de Estado dos Estados Unidos, e apoio local do PCT Guamá.
Esta é a segunda vez que a 3DS realiza ações no país, em 2016 eles promoveram o U.S. Brazil Startup Connection em duas capitais brasileiras: Belém e Brasília. Neste ano, Belém foi a cidade escolhida para receber o 3DS Checkpoint, novo formato de evento desenvolvido por eles. “Quando estávamos definindo um local para realizar o programa inaugural do 3DS Checkpoint, nós ficamos tocados pela motivação, conhecimento e disponibilidade dos estudantes de Belém. Ano passado encontramos pessoas com uma vontade real de fazer coisas importantes acontecerem e sentimos que o Checkpoint poderia auxiliá-los no desenvolvimento de suas ambições empreendedoras”, destacou Maia Donohue, Senior Program Manager da 3DS.
Nesta nova versão do programa, cerca de 40 participantes puderam se aprofundar em questões relacionadas a dinâmicas entre co-fundadores, entender mais sobre receita e como capitalizar o seu negócio, além da importância de contar com bons mentores para auxiliar no desenvolvimento de suas startups. Além disto, os participantes puderam conhecer melhor os seus talentos por meio do teste BP10, da Gallup, empresa que possui mais de 80 anos de experiência em analisar atitudes e comportamentos. Em Belém, os participantes tiveram sessões de mentoria baseada nos resultados de seus testes realizadas pela Talent Based Solutions, consultoria empresarial baseada em São Paulo.
O 3DS Checkpoint foi desenhado para criar maneiras práticas de transpor estes desafios e, para conduzir este processo, o evento contou com um time de mentores locais, liderados por Thais Haber, Adailton Lima e Paulo Santos, profissionais com ampla expertise no desenvolvimento de startups. Como facilitador geral, a 3DS convidou o empreendedor norte-americano Aleksander Levental, que iniciou a sua startup ainda quando era estudante, em um evento promovido pela 3DS, e hoje já arrecadou alguns milhões de dólares.
“Fiquei surpreso com o nível de engajamento das pessoas em Belém. Normalmente em eventos desta natureza há uma grande diferença entre o número de participantes no primeiro e no segundo dia. Esta é a primeira vez que venho para a América do Sul e eu estava esperando alguma particularidade devido às diferenças culturais, mas na verdade percebi que os tipos de processos, motivações e desafios são muito similares com a nossa realidade. Outro fator que chamou bastante a minha atenção foi o número de ideias ‘patrocinadas’ pelas universidades, conversei com 3 grupos diferentes que suas ideias de negócios nasceram a partir de pesquisas desenvolvidas na academia e, apesar de ser um grande desafio transformar estes conhecimentos em empreendedorismo, é algo que pode beneficiar diretamente a população”, afirmou Aleksander.
Por ser o programa inaugural, pessoas de Brasília que participaram do evento em 2016 vieram a Belém especialmente para o 3DS Checkpoint. “Antes do evento nós já tínhamos uma empresa, mas o ferramental e essa mentalidade de startup permitiu uma aceleração no nosso processo de maneira absurda. De certa forma a gente considera um dos produtos do nosso escritório criativo com filho da 3DS. Quando viemos pra Belém não sabíamos muito como seria e foi interessante porque é difícil não ter a expectativa de como foi o primeiro. A programação foi muito intensa, abordando aspectos de maturidade e não apenas do ‘bota pra fazer’. Foi incrível”, avaliou Victor Guerra, designer e empreendedor.
Além de participantes de Belém e Brasília, o evento também contou com a presença de pessoas do interior do estado, como foi o caso de Jordanio Santos, servidor público da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), situada em Marabá. “Estou me sentindo empoderado e agora sei melhor como fazer – o meu próprio negócio – assim que chegar em Marabá vou reunir as pessoas para colocar as ideias em prática e compartilhar os conhecimentos”.
Ações como essa fazem parte dos objetivos do Parque de Ciência e Tecnologia Guamá. “Além de oferecermos oportunidades para empresas de base tecnológica, também é nosso papel estimular o desenvolvimento do empreendedorismo inovador na região e ações como essa são de extrema importância porque estimulam a troca de conhecimentos e fortalecem o desenvolvimento da economia local”, avaliou Antônio Abelém, diretor presidente do PCT Guamá.
Àqueles que não puderam acompanhar de perto a ação, o Aleksander Levental deixou o recado: “A dica mais importante é lembrar de pensar a diferença entre o negócio e o produto. Para ser um bom empreendedor você tem que se preocupar com o negócio, e isso significa as pessoas do seu time, receita, margem de lucro, investidores. Você tem que se preocupar com isso mais do que com o produto em si. Esse é o erro mais comum e o maior desafio para o empreendedor em estágio inicial, mas o empreendedor tem que lembrar que se ele se focar no desenvolvimento do negócio, ele cria oportunidades para o produto, o contrário nunca acontece, ele não vai conseguir criar oportunidades para o negócio se focar apenas no produto”
Texto: Juliane Frazão