Quando se fala em tecnologia, química, física e empreendedorismo, quais os primeiros nomes vem à sua mente? Fizemos essa pergunta no início do bate-papo que realizamos para celebrar o Dia Internacional da Mulher e, salvo algumas exceções, os nomes ouvidos da plateia eram predominantemente masculinos. Por que quando pedimos por referências ouvimos falar pouco das mulheres? Não é por falta de trabalho realizado. Ada Lovelace, por exemplo, foi a primeira programadora da história, mas o crédito só foi dado a ela quase um século depois.
Muito já foi conquistado, é verdade. Hoje somos maioria no mercado de trabalho e de acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), em 2014 representávamos 58,86% dos trabalhadores formais com nível superior. Além de sermos maioria, também trabalhamos, em média, 7,5 horas a mais que os homens por semana, contando a jornada dupla de trabalho (IPEA 2017). Somos maioria e trabalhamos mais, será que isso é refletido no salário? Não. Em média ganhamos 77% do que ganha um homem desempenhando as mesmas funções (OIT 2016).
Com o registro dessas diferenças e por entender o Dia Internacional da Mulher como um símbolo de luta, decidimos promover, na tarde desta quarta, um evento para celebrar as nossas trajetórias de sucesso e nos reconhecermos umas nas outras. Convidamos quatro profissionais ligadas à rede do PCT Guamá para compartilhar suas trajetórias profissionais e vivências.
O bate-papo foi comandado por Lorena Saavedra, produtora cultural e pesquisadora em políticas culturais e economia criativa; Giselle Amaral, mestranda em gestão empresarial e monitora do Programa de Qualificação para Exportação (Peiex/Apex-Brasil); Christelle Herman, pós-doutora em Engenharia de Alimentos, pesquisadora e professora; e Leila Furtado, MBA em Gestão Empresarial e integrante da Agência de Inovação Tecnológica da UFPA.
Durante a partilha das vivências, algumas frases chamaram atenção:
“Tinha um colega que exercia a mesma função, nos mesmos horários, e ganhava R$ 1.200,00 a mais que eu. Eu tinha pós-graduação, ele não”
“Em uma rodada de negócios, cujo único objetivo era discutir preços, ouvi a pergunta: na sua terra as mulheres são assim bonitas como você? ”
“Na universidade, eu era a única mulher fazendo o doutorado na minha área”
Mas as principais mensagens, foram:
“Eu consigo superar isso porque aprendi que a gente vence pelo conhecimento e pela competência”
“Tem que fechar os ouvidos sobre o que a mulher não pode ou deve fazer, assim conseguimos formar a nossa própria opinião”
E, porque a diversidade é necessária, também ouvimos:
“Nunca senti nenhuma discriminação, nem por ser mulher, nem por ser negra e nem por ser do Norte”.
Às mulheres, deixamos aqui o nosso carinho e a nossa mensagem: juntas somos mais fortes.
– Texto assinado por nós, mulheres que integram a equipe da Fundação Guamá –