O Governo do Pará inaugurou nesta sexta-feira, 12, o Laboratório da Qualidade do Leite, o primeiro do gênero a entrar em operação na região Norte e o mais moderno do Brasil. Instalado no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá), o laboratório se configura em uma importante ferramenta para produtores e indústrias de laticínios paraenses, contribuindo no aumento dos índices de produtividade, ao melhorar a qualidade da matéria-prima e dos produtos derivados.
O governador Simão Jatene lembrou que a implantação do espaço é uma demanda antiga de produtores locais que prezam pela qualidade da matéria-prima e dos derivados que utilizam. “Ele vem suprir uma lacuna que era o sonho de muitos. Com esse laboratório é possível ter uma análise segura do leite, e você passa a ter maior agregação de valor e com isso, melhor preço, melhor remuneração”, destacou o governador, ao citar que a iniciativa é mais um passo dentro do Plano Pará 2030, que visa o desenvolvimento econômico do estado com geração de emprego e renda, através da tríplice revolução pelo conhecimento, pela produção e por novas formas de gestão e governança.
“Aqui nós estamos experimentando na prática o Pará 2030, com exemplos concretos dos três pilares que considero fundamentais para a construção de uma nova Amazônia. O conhecimento sendo utilizado para que a gente possa ter um produto de qualidade que dê segurança alimentar para as pessoas, e que permita que a cadeia do leite alcance outro grau de competitividade. Isso só está sendo possível por esse esforço coletivo onde entram as Universidades Federal, Rural e Estadual do Pará, secretarias estaduais, instituições e profissionais que trabalhando juntos diminuem o custo e, ainda, melhoram a expertise e a qualidade do que ofertado”, reiterou o governador Simão Jatene.
O governo estadual, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet), investiu mais de R$ 2,3 milhões na construção do laboratório. O governo federal, por meio do Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento (Mapa), foi responsável pela aquisição dos equipamentos de diagnóstico e a Fundação Amazônia Paraense de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) adquiriu os mobiliários. A coordenação da unidade é de responsabilidade do Programa de Ciência e Tecnologia de Alimentos, da Universidade Federal do Pará (UFPA).
O Laboratório da Qualidade do Leite é o primeiro laboratório da região Norte a ser certificador da qualidade do produto leiteiro e também dos seus derivados, como queijos e iogurtes. Antes os produtores locais precisavam analisar os produtos em estados como Goiás e Minas Gerais o que aumentava o custo final dos produtos, segundo informou o secretário da Sectec, Alex Fiúza. “O produto e a matéria prima do leite não pode chegar ao mercado sem certificação de qualidade. Até hoje toda certificação foi feita fora da região, com grande custo para os produtores. Hoje, além de reduzir o custo desses exames laboratoriais para os produtores, vamos oferecer uma contrapartida científico-tecnológica para inovação”, garantiu o titular da Sectet, ao destacar a oportunidade de verticalizar a cadeia produtiva do gado de leite dentro do próprio Estado, com a certificação de qualidade do produto antes que ele seja disponibilizado ao mercado consumidor.
O presidente da Associação de Produtores de Leite e Queijo do Marajó, Cláudio Penante, já vislumbra os novos mercados a serem atingidos com a certificação da cadeia produtiva. “Nossa expectativa é que nos ajude a levar os nossos produtos para vários lugares. Nós, marajoaras, temos o búfalo como o nosso símbolo e ele nos oferece carne, tração, couro e leite. Com esse laboratório nós teremos como analisar o nosso leite”, planeja Penante, ao explicar que os produtores marajoaras cuidam da sanidade do rebanho e das boas práticas de ordenha para garantir a qualidade do leite bubalino que é matéria prima do queijo do Marajó, um produto de referência na região.
Um leite de baixa qualidade causa grandes perdas econômicas ao setor, representa um risco à saúde pública, inviabiliza a conquista de mercados mais lucrativos e compromete a credibilidade da cadeia produtiva. Por isso, a criação de um centro destinado a melhorar a qualidade leiteira no Pará é vista com grande otimismo. Além de análises e diagnósticos, o Laboratório do Leite atuará no treinamento de produtores com o objetivo de eliminar alguns entraves à produção. Técnicos do Laboratório foram capacitados a prestar assessoramento em processos como higienização, ordenha, armazenamento e transporte.
Em curto prazo, será possível melhorar a base do processo a partir do controle zootécnico e da avaliação da qualidade microbiológica, físico-química e microscópica do leite paraense. Em médio prazo, isso possibilitará a criação de estratégias para agregar valor ao leite, contribuindo para a verticalização da cadeia e, dentro de alguns anos, o investimento em uma linha própria de produtos, passíveis de serem comercializados no mercado.
O laboratório está sendo certificado pelo Ministério da Agricultura. Uma vez certificado, a instituição vai poder receber material de toda a região e de estados vizinhos, colocando o Pará em posição de destaque na prestação de serviços de controle de qualidade dentro do setor.
O Laboratório da Qualidade do Leite, que tem capacidade de analisar 250 mostras por hora, também vai contar com uma unidade móvel que poderá ser levada para diversos municípios com a mesma sofisticação da sede no PCT Guamá. O projeto é levar o laboratório móvel para locais onde se tem uma maior concentração da bacia leiteira para que os produtores percebam a importância da análise, de ter e oferecer produto de qualidade no mercado.
Parque de Ciência e Tecnologia Guamá – Construído em Belém, em uma área de 73 hectares cedida pelas UFPA e pela UFRA, o PCT Guamá é o primeiro parque tecnológico a entrar em operação na Região Norte. A construção e consolidação do espaço são de responsabilidade do Governo do Pará, por meio da Sectet. Além do Laboratório da Qualidade do Leite, o parque tecnológico abriga outros empreendimentos, como o Centro Regional Amazônia do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CRA Inpe); o Centro de Excelência em Eficiência Energética da Amazônia (Ceamazon); o Laboratório de Alta Tensão e o Espaço Inovação, prédio que abriga laboratórios avançados de pesquisa e desenvolvimento que oferecem serviços variados para os setores público e privado, startups e empresas que tenham por essência o investimento em inovação.
Por Dani Filgueiras
Fotos: Antônio Silva – Agência Pará