Mesas de conversas, com relatos sobre vivências, dificuldades e possibilidades para pesquisadoras no universo científico fizeram parte da programação da terceira edição do evento “Tech no Papo”, realizado pelo Parque de Ciência e Tecnologia (PCT Guamá), nesta quarta-feira (06), em Belém. O encontro reuniu líderes das universidades e agências de fomento público e pesquisadoras dos laboratórios instalados no Parque, visando destacar o papel feminino na ciência e divulgar as oportunidades na pesquisa no Estado.
A programação foi transmitida na modalidade híbrida para participantes do Centro de Inovação Aces Tapajós (Ciat), polo de inovação localizado em Santarém, na região do Baixo Amazonas. Para Carina da Silva, coordenadora de Ciência e Tecnologia da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), a realização do evento é essencial para a valorização da figura feminina na ciência e na pesquisa. “É um assunto que deve ser debatido, porque se trata de equidade, de possibilitar que as mulheres tenham as mesmas oportunidades dos homens. Eventos como esse são necessários para conhecer as demandas das mulheres e divulgar o papel do Governo do Estado e suas iniciativas para a valorização e inserção das mulheres nesses espaços”, afirma.
Durante a programação, as representantes das agências de fomento e universidades falaram sobre editais e projetos que possibilitam a visibilidade feminina na pesquisa. A mesa contou com a participação de lideranças da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet), Fapespa, Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra).
A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPA, Maria Iracilda Sampaio, enfatiza a importância da equidade para a representação de mulheres na ciência. “Acredito que se o sistema atual oferecer oportunidades, as mulheres abraçarão e terão excelentes desempenhos. Acredito muito na força da mulher, na dedicação, foco e resiliência, porque temos que enfrentar dificuldades que os homens não enfrentam, então é importante ser resiliente e não abrir mão dos projetos e da vontade de participar desse ambiente muito disputado por homens. A mulher tem outras tarefas que homens geralmente não têm, então a determinação para vencer e se posicionar nesse sistema competitivo deve ser maior”.
Maria Trindade, coordenadora do programa StartUP Pará, iniciativa da Sectet, explica a importância da liderança feminina na pesquisa. “As mulheres precisam estar representadas nesses espaços, não só como composição, elas precisam também acessar essas oportunidades. Nós temos propostas que possuem alinhamento com a universidade, em áreas como biotecnologia e bioeconomia, por exemplo, que podem gerar uma solução e ser prospectadas em negócios para o mercado”.
No encontro, pesquisadoras de laboratórios e empreendedoras do ecossistema do Parque abordaram temas como as dificuldades no processo de pesquisa, oportunidades de bolsas de estudos no exterior, o desenvolvimento de uma startup e a experiência de internacionalização.
Hebe Morganne é pesquisadora e coordenadora do laboratório de Qualidade de Águas da Amazônia (Labágua) da Universidade do Estado do Pará (Uepa), localizado no PCT. Para ela, a participação no evento foi uma experiência de ouvir outras vivências e dar exemplos para as mulheres que desejam se inserir na área. “Foram cerca de 10 mulheres falando sobre problemas que todas nós tivemos na vida, é muito importante a gente poder inspirar outras mulheres que estão passando pelas mesmas situações. No LabÁgua, são 14 mulheres junto comigo, então eu vejo a evolução delas como pessoas e profissionais, como elas se empoderam com o conhecimento. É sempre bom a gente ver colegas na ciência que tiveram um novo começo e conquistas, superando as dificuldades”, disse.
Para Angela Nascimento, assistente técnica da Fundação Guamá, organização gestora do PCT Guamá, o encontro foi essencial para apresentar o protagonismo feminino e as oportunidades de conexão no Parque. “No Parque, temos pesquisas e problemas que nascem de pesquisas, também desenvolvidas pelas universidades, então a gente vê todo o fluxo de desenvolvimento até chegar num empreendimento que gera renda, movimenta a economia e desenvolve o Estado. Foi um momento super positivo de protagonismo feminino e é importante o Parque como participante no processo, a gente tem as produções científicas aqui, temos que valorizar e dar voz a essas mulheres”.
Por Ayla Ferreira, com supervisão de Sérgio Moraes – Ascom/PCTGuamá