No Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações, comemorado em outubro, o Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá é referência como espaço que potencializa o desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e social no Pará. Promover o crescimento sustentável para região Norte, e atuar na criação e atração de empresas para o estado são diretrizes do Parque, iniciativa do Governo do Estado, através da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet).
“Temos dedicado recursos substanciais para impulsionar o setor de Ciência e Tecnologia no Pará. O PCT Guamá é exemplo desse investimento em infraestrutura de pesquisa. Essa iniciativa proporciona um ambiente para pesquisadores e empreendedores desenvolverem soluções inovadoras e tecnologias de ponta que beneficiam a sociedade”, afirma Victor Dias, titular da Sectet.
O propósito de ter um polo de inovação, que foi entregue em dezembro de 2010, se concretizou com a participação das universidades Federal do Pará (UFPA) e Federal Rural da Amazônia (Ufra), além de investimentos do poder público.
“Vejo os parques de ciência e tecnologia como agentes transformadores, conectores do conhecimento para o desenvolvimento regional, e no caso do Pará, o PCT está cumprindo esse papel, levando a ciência que se produz na universidade para a sociedade, ajudando a transformar o estado por meio da ciência”, afirma Iracilda Sampaio, pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPA.
Instrumentos para o desenvolvimento do país – O parque tecnológico é um complexo planejado de crescimento empresarial que estimula a cultura de inovação, da competitividade industrial, da capacitação empresarial e da promoção de sinergias em atividades de pesquisa científica, de desenvolvimento tecnológico e de inovação, entre empresas e instituições de Ciência e Tecnologias, segundo a legislação brasileira que trata sobre estímulos ao desenvolvimento científico e à pesquisa no Brasil.
Um levantamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) aponta que o número de parques tecnológicos em operação no país cresceu de 20 para 55, nos últimos 10 anos. A maioria destes complexos está localizada na região Sul, com 28 parques; o sudeste com 19; o Nordeste com sete; o Centro Oeste com três; e Norte com o PCT Guamá. Os parques brasileiros são recentes, possuem menos de 20 anos de funcionamento, empregam mais de 40 mil pessoas e têm um faturamento estimado de R$ 3,7 bilhões por ano. No Pará, o PCT Guamá tem um faturamento anual de quase R$ 8 milhões.
Esses espaços oferecem suporte para a transformação de ideias em negócios, e são ambientes que reúnem universidades, setor privado e governo. Em âmbito nacional, o PCT Guamá é membro da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), que reúne mais de 300 associados ligados ao empreendedorismo e inovação em todo país. Já em contexto internacional, integra a Associação Internacional de Parques de Ciência e Áreas de Inovação (IASP), maior ecossistema de inovação do mundo, com mais de 350 membros e 115 mil empresas de 80 países.
Tecnologia da Informação, Biotecnologia, Economia Criativa são as principais áreas de atuação dos parques no cenário nacional. A personalidade jurídica são as Fundações, responsáveis pela administração desses complexos. Aqui no Pará, a Fundação Guamá, instituição reconhecida como Organização Social pelo Estado, é responsável pela gestão do PCT Guamá desde sua implementação.
“Temos o desafio de trazer e consolidar na região amazônica este novo modelo de desenvolvimento, que é complementar ao oferecido pelas universidades e Centros de Pesquisa. Nosso papel em um parque tecnológico é construir as pontes para o fortalecimento da economia local por meio de serviços técnicos especializados, combinando a competência acadêmica com a dinâmica demandada pelo mercado”, explica Rodrigo Quites Reis, diretor presidente da instituição.
Vantagens e conexões para os negócios – Mais de 40 empresas, 12 laboratórios de pesquisa e prestação de serviços estão instalados no local, que possui 72 hectares entre os campi da UFPA e Ufra. As interações entre os diferentes atores visam o surgimento de soluções e novos produtos para o mercado.
“Estar dentro de um parque tecnológico significa muito para um laboratório como o Centro de Valorização de Compostos Bioativos da Amazônia, Cvacba, pois nos aproxima dos nossos principais parceiros do setor privado. A desburocratização para prestações de serviços é fundamental para responder de forma ágil às demandas das empresas”, acrescenta Hervé Rogez, pesquisador do Cvacba, laboratório da UFPA instalado no Parque, que realiza pesquisas na cadeia produtiva do cacau, açaí, entre outros, e oferece serviços como análises microbiológicas, e extração de compostos vegetais, para produtores e empresas.
Empresas residentes, que estão instaladas fisicamente nos parques, associadas, têm acesso a serviços e vantagens oferecidos nesses locais. Os programas de incubação e de aceleração de novos negócios também fazem parte das conexões criadas nos parques tecnológicos. Centros de pesquisas, entidades de apoio ao empreendedorismo e a inovação são bem-vindos nesses polos. No PCT Guamá, um dos primeiros residentes foi o prédio que sedia a Coordenação Espacial da Amazônia do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“A instalação do Inpe no PCT teve como objetivo apresentar uma instituição de referência na área espacial para compor os residentes e, atualmente, a Coordenação Espacial do Inpe interage com empresas, instituições e iniciativas que também atuam no parque, em diferentes áreas, nos colocando em uma posição privilegiada. O Inpe, em Belém, está no centro de discussões importantes relacionadas à Amazônia, e poder atuar juntamente com nossos parceiros residentes fortalece nossa presença e espero que fortaleça o PCT para apoiar tecnologias que incentivem o desenvolvimento da região”, afirma Alessandra Rodrigues Gomes, responsável pela Coordenação.
O Escritório Regional do Norte da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que atua na promoção do desenvolvimento econômico e social do Brasil, por meio de fomento público voltado para ciência, tecnologia e inovação, também funciona dentro do PCT Este ano, a financiadora beneficiou parques tecnológicos de todo país com recursos não reembolsáveis para incentivar o crescimento tecnológico. Para o PCT Guamá foram R$ 11 milhões liberados para a construção do Espaço Sustentável, um novo ambiente dedicado prioritariamente às startups das áreas de sustentabilidade, bioeconomia, e tecnologias verdes.
“A criação de um novo polo de bioeconomia no Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá, com o suporte da Finep, desempenha um papel crucial no desenvolvimento regional. Ao investir em ciência e tecnologia nessa região, estamos contribuindo de forma significativa para o progresso científico, econômico e social. Este investimento não apenas cria oportunidades de emprego, mas também estimula a economia local. A proximidade estratégica desse novo espaço com instituições de pesquisa e empresas no parque é fundamental, facilita parcerias que são motores essenciais para o avanço do conhecimento e o desenvolvimento de soluções inovadoras no campo da bioeconomia”, acrescenta Kallil Maia, analista pleno do Escritório Regional do Norte Finep.
Há sete anos instalada no PCT Guamá, a startup Inteceleri, que atua com tecnologias para educação, considera primordial para os negócios fazer parte da comunidade criada dentro do parque. A empresa já alcançou mais de 500 mil alunos em seis estados com soluções tecnológicas voltadas para o ensino, e já foi beneficiada com apoio financeiro público por receber no parque conexões que apontam para oportunidades.
“É um ambiente que nos aproxima muito dos editais, das oportunidades de subvenção. A Inteceleri já acessou dois editais, com apoio a bolsas e estudos de novos produtos, e agora, recentemente, a gente acabou de ser aprovado pela Finep. Então, sem dúvida, fazer parte desse ambiente nos faz respirar sobre essas oportunidades”, reforça Walter Oliveira Junior, CEO da startup.
Para se tornar residente do PCT Guamá, os interessados passam por uma seleção. O processo é feito por meio de edital contínuo, aberto conforme ocupação total dos ambientes. Após essa etapa é feita a análise das documentações e a apreciação da proposta de negócio por uma comissão de avaliação.
Como ingressar no PCT Guamá – Para se tornar residente do PCT Guamá, os interessados passam por uma seleção. O processo é feito por meio de edital contínuo, aberto conforme ocupação total dos ambientes. Após essa etapa, é feita a análise das documentações e a apreciação da proposta de negócio por uma comissão de avaliação.
Podem ser residentes pessoas jurídicas com empreendimento de base tecnológica ou impacto socioambiental, com projetos e empreendimentos em estágio de validação de produto ou serviço; empresas que já validaram seu produto ou serviço e possuem projeto de estruturação para ampliação da carteira de clientes; empresas constituídas há menos de dois anos, que já começaram um negócio e buscam acelerar suas atividades; e empresas em operação há no mínimo um ano, com resultados e projeções financeiras positivos.
Empresas e laboratórios instalados no complexo têm acesso à infraestrutura completa com segurança 24h, estacionamento, vestiário, internet de alta velocidade, serviços gerais, sala de reunião, auditório, coworking, salas para treinamentos, acesso ao Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX) e à rede da Anprotec e IASP, além de descontos na contratação dos serviços dos 12 laboratórios instalados no parque.
Atuação pública e privada – Projetos públicos e privados podem contar com a competência do PCT Guamá por meio de startups e laboratórios em áreas como Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), biotecnologia, educação, finanças, alimentos, energia, construção civil, automação e equipamentos dentre outras. Interessados devem entrar em contato pelo e-mail jorge.figueiredo@fundacaoguama.org.br quando a finalidade for serviços promovidos por startups, e milksom.campelo@fundacaoguama.org.br sobre serviços laboratoriais.