Óleo do murici qualifica o fruto como insumo para a indústria farmacêutica, diz pesquisadora

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Fruta foi submetida a um processo de extração limpo com CO2, o chamado solvente verde, que constatou seu efeito citoprotetor de células, órgãos e tecidos

 Artigo publicado na revista Foods pela pesquisadora Flávia Pires, colaboradora do Laboratório de Tecnologia Supercrítica (Labtecs/UFPA), um dos centros de pesquisa instalados no PCT Guamá, aponta que o óleo de murici apresenta alta concentração de luteína, uma substância conhecida por auxiliar na manutenção da boa saúde dos olhos.

Na pesquisa, o fruto passou por uma técnica de extração considerada limpa, que utiliza o dióxido de carbono (CO2) como solvente. “O CO2 é considerado um solvente verde por não ser tóxico e não poluir o meio ambiente. Ele é separado do extrato imediatamente após o término do processo, não deixando quantidades residuais no produto. Portanto, é possível obter um extrato 100% puro, isento de qualquer solvente tóxico”, explica a primeira autora do artigo, a pesquisadora Flávia Pires.

“Fizemos uma extração sequencial supercrítica, um processo em que primeiramente foi extraído um óleo, com CO2 supercrítico e, posteriormente um extrato a partir da aplicação de CO2 supercrítico e Etanol”, complementa a pesquisadora.

Além da luteína, o óleo de murici também apresentou alta concentração de ácidos graxos oleico (ômega 9), palmítico e linoléico (ômega 3), substâncias que contribuem para o bom funcionamento do organismo.
Já o extrato etanólico de murici, apresentou alta concentração de compostos fenólicos e flavonóides, conhecidos por sua ação antioxidante. Tanto o óleo quanto o extrato etanólico do fruto não apresentaram citotoxicidade, ou seja, não promoveram alteração metabólica nas células testadas.

CITOPROTETOR

Em um artigo publicado em 2019, a pesquisadora já havia detectado um alto teor de luteína no óleo de murici, em outras condições de extração. O diferencial do novo estudo é que os compostos foram obtidos na condição ótima de extração, onde foi atestado a não toxicidade e o efeito citoprotetor.

“A citoproteção é um conjunto de processos que contribui para manter a integridade das estruturas celulares e proteger os órgãos e tecidos. O óleo de murici apresentou efeito citoprotetor em 72h de exposição. Os resultados do estudo mostram que o murici apresenta um elevado valor nutricional e nutracêutico, o que pode qualificar o fruto para o uso em processos industriais, com possibilidade de aplicação em suplementos alimentares, por exemplo”, pontua Flávia.

Além da atuação de pesquisadores do Labtecs, a pesquisa contou com a colaboração de membros do Laboratório de Extração da Universidade Federal do Pará (Labex/UFPA) e do Ceabio, o Centro de Estudos Avançados da Biodiversidade da UFPA também instalado no PCT Guamá. A íntegra do artigo está disponível em inglês neste link.

LABTECS/UFPA

Criado no início de 2020, com investimentos do Governo do Estado, por meio do Programa BioPará de estímulo de crescimento da bioindústria, da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), o Labtecs/UFPA estuda plantas e frutos para criar novos produtos por meio da tecnologia supercrítica.

A tecnologia supercrítica é um processo de extração de substâncias que usa solventes em estado supercrítico – um estado da matéria no qual o fluido se comporta como líquido e gás simultaneamente.

Pioneira na região Norte, essa metodologia torna o processo de extração mais eficaz e mais limpo, com menor geração de resíduos.

Texto: Juliane Frazão (Ascom PCT Guamá)
Edição: Valéria Nascimento (Secom)

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