O Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT), localizado ao lado da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, conta com um equipamento inovador fabricado com recursos do Governo do Estado, que permite a maior extração de insumos amazônicos para o setor industrial atuante no desenvolvimento de produtos com esses bioativos.
Batizada pelo professor e desenvolvedor Raul Carvalho Jr., a “Papa Chibé” é uma unidade de extração com fluido supercrítico, e foi criada pelo pesquisador junto com a equipe dentro do Laboratório de Tecnologia Supercrítica (Labtecs) observando a demanda de mercado.
“Uma indústria, por exemplo, que deseja produzir azeite gourmet, pode ser atendida, ou uma de cosméticos que queira produzir um novo biocosmético”, pontua.
Carvalho Jr. conta que antes do uso da Papa Chibé, montada em 2021, os pesquisadores do Labtecs estavam limitados a análises em mililitros em um equipamento menor, e mesmo com a eficácia das observações, eles questionavam a viabilidade econômica do processo, já que a quantidade de material extraído era pequena para atender demandas do mercado. Porém, para a adquirir uma máquina maior, o laboratório precisaria investir milhões para importar uma nova unidade.
Foi então que o desafio se tornou realidade com o apoio garantido pelo Estado por meio do programa “BioPará”, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet).
“Fiz questão de montar uma máquina dessa, que requer um certo conhecimento científico, tecnológico, pra mostrar que aqui na Amazônia tem inteligência, tem pessoas capazes de desenvolver, construir, transformar, e industrializar no Pará”, enfatiza o professor, que explica que os estudos para o desenvolvimento do equipamento foram iniciados em 2012, com pesquisas de mestrado e doutorado na área de engenharia de processos.
Tecnologia – Com características únicas no mercado nacional, a Papa Chibé possui a tecnologia supercrítica, utilizada em vários processos. A extração com fluido supercrítico é uma forma de extração na qual o solvente líquido usual é substituído por um fluido supercrítico, ou seja, uma substância em condições de temperatura e pressão acima do ponto crítico.
“A gente utiliza a tecnologia supercrítica para fazer a extração de óleos vegetais, e com isso, a gente consegue verticalizar as matérias primas da Amazônia”, detalha o professor. Na prática, a máquina realiza a extração de bioativos, que são compostos naturais de origem vegetal e animal, ou seja, ela retira do açaí, por exemplo, ácidos graxos, já do jambu, o espilantol, que confere a sensação de dormência na boca, e ainda da casca do camarão, retira astaxantinas, substâncias responsáveis pela coloração do marisco. Todo processamento dessas substâncias é feito com solvente verde, que gera menor impacto ao meio ambiente.
Há quase quatro anos instalado no PCT Guamá, o Labtecs oferece desenvolvimento tecnológico para empresas e indústrias paraenses, através de serviços como a secagem de matérias-primas, consultoria para o desenvolvimento de layout de equipamentos e de otimização na produção de óleos vegetais, entre outros. Tudo a partir da aplicação do conhecimento cientifico em soluções que contribuem para o desenvolvimento de diversos setores produtivos do Pará.
PCT Guamá – O PCT Guamá é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Técnica e Tecnológica (Sectet), que conta com a parceria da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e gestão da Fundação Guamá.
É o primeiro parque tecnológico a entrar em operação na região Norte do Brasil e tem como principal objetivo estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável.
Situado em uma área de 72 hectares entre os campi das duas universidades, o PCT Guamá conta com mais de 40 empresas residentes (instaladas fisicamente no parque), mais de 60 associados (vinculadas ao parque, mas não fisicamente instaladas), 12 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos, com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará (Eetepa) Dr. Celso Malcher, além de atuar como referência para o Centro de Inovação Aces Tapajós (Ciat), em Santarém, oeste do estado.
É membro ainda da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e da Associação Internacional de Parques de Ciência e Áreas de Inovação (Iasp).