
O Hidromel Uruçun da Amazônia, produzido no Centro de Valorização de Compostos Bioativos da Amazônia (CVACBA) da Universidade Federal do Pará (UFPA), residente no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, conquistou medalha de prata na categoria hidromel demi-sec, equivalente a semi seco, da Brasil Mead Cup 2025. A premiação foi anunciada no último sábado (9), durante o Brasil Beer Cup, em Florianópolis (SC), que reuniu mais de duas mil amostras de bebidas de toda a América Latina avaliadas às cegas.
Criada em Belém, em 2019, e liderada pela pesquisadora e engenheira de produção Ana Lídia Ribeiro, a Uruçun atua em toda a cadeia produtiva da meliponicultura, que é a criação de abelhas nativas sem ferrão, contribuindo para a polinização e preservação da floresta. Associada ao PCT Guamá, a empresa tem se destacado pela inovação sustentável e pelo empreendedorismo feminino no setor.
O reconhecimento se soma a conquistas recentes, como prêmios da Apex Brasil e Professor Samuel Benchimol em 2024, participação na NRF, maior feira de varejo e tecnologia do mundo, e destaque no programa Pequenas Empresas & Grandes Negócios, da TV Globo.

“Desde que nos associamos ao PCT Guamá, nossa trajetória mudou completamente. Ter nossa linha de produção dentro do Parque nos permitiu escalar e contar com todo o amparo técnico oferecido, inclusive com patrocínio para participarmos presencialmente do concurso. Essa conquista prova que, com muito trabalho, disciplina e boas parcerias, tudo é possível”, conta Ribeiro.
Produção de excelência
É no CVACBA que é produzido o Hidromel Uruçun, uma bebida 100% amazônica criada para valorizar o mel das abelhas sem ferrão, mais aquoso e ácido que o mel das abelhas com ferrão, e por isso de difícil comercialização. Feito com mel, água e levedura, o produto começou a ser fabricado oficialmente em 2020 e hoje integra uma cadeia produtiva que envolve cerca de 300 comunidades de agricultura familiar em municípios paraenses, beneficiando quase 3 mil pessoas, muitas delas mulheres chefes de família.
Além de gerar renda, a atividade contribui para a preservação e multiplicação das abelhas, responsáveis por até 40% de aumento na produção de açaí e outras plantas. Atualmente, são produzidos 5 mil litros de hidromel por ano, com meta de chegar a 25 mil litros.
O produto já foi levado a eventos internacionais na Alemanha, Panamá e África do Sul, consolidando-se como exemplo de negócio sustentável, socialmente justo e de valorização da bioeconomia amazônica.
Associação e benefícios
Empresas de base tecnológica ou com impacto socioambiental, em diferentes estágios de maturidade, podem se associar ao PCT Guamá e acessar benefícios como endereço fiscal, infraestrutura, descontos nos laboratórios, mentorias, consultorias, capacitações, eventos e oportunidades de networking por meio do programa Impulso Amazônia.
Referência em inovação na Amazônia
O Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), com as parcerias da UFPA e Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), com a gestão da Fundação Guamá.
É o primeiro parque tecnológico da região Norte do Brasil, e visa estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável, a fim de melhorar a qualidade de vida da população.
Localizado às margens do Rio Guamá, que dá nome ao complexo, o PCT está situado entre os campi das duas universidades, e conta com um ecossistema rico em biodiversidade, estendendo-se por 72 hectares, destinados a edificações e à Área de Proteção Ambiental (APA) da Região Metropolitana de Belém.
O complexo conta com mais de 30 empresas residentes (instaladas fisicamente no Parque), mais de 40 associados (vinculados ao Parque, mas não fisicamente instalados), 12 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos e uma escola técnica.
O PCT Guamá integra a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e International Association of Science Parks and Areas of Innovation (Iasp), e faz parte do maior ecossistema de inovação do mundo.