O Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá apresentou resultados do trabalho desenvolvido pelo Laboratório de Óleos da Amazônia (LOA), vinculado à Universidade Federal do Pará (UFPA), durante a 41ª Conferência da International Association of Science Parks and Areas of Innovation (IASP). O evento ocorreu em Nairóbi, Quênia, entre os dias 24 e 27 de setembro, na sede do parque tecnológico Konza Technopolis.
Rodrigo Quites Reis, diretor-presidente da Fundação Guamá, gestora do PCT, participou do painel “Reduzindo as lacunas socioeconômicas com inovação inclusiva”. Ele apresentou o tema “Combinando ciência, tecnologia e conhecimento tradicional para a produção e comercialização sustentável de óleos vegetais por comunidades extrativistas na Amazônia”. O painel contou com a participação de Yaruq Nadeem, do Parque Nacional de Ciência e Tecnologia do Paquistão, e Monika Machowka, do Parque Tecnológico de Cracóvia, Polônia.
A atuação do PCT Guamá ocorreu por meio do LOA em uma ação do Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA) que busca capacitar tecnicamente e certificar a qualidade de óleos essenciais produzidos por comunidades agroextrativistas nos municípios de São Miguel do Guamá, Mãe do Rio e Bragança.
“Nestas atividades, nós buscamos combinar o conhecimento tradicional das comunidades com os avanços do conhecimento científico, contribuindo para a melhoria na produção de óleos de andiroba, tucumã, coco, copaíba, castanha do Pará e buriti. O projeto foi desenvolvido com comunidades agroextrativistas, onde fizemos a capacitação das famílias e oferecemos a certificação da pureza dos óleos produzidos usando os equipamentos do laboratório do PCT Guamá. As comunidades atendidas estão agora em processo de qualificação para exportação dos seus produtos”, explicou Quites.
O projeto é desenvolvido em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), com apoio financeiro do Instituto Clima e Sociedade (iCS).
Após a conferência, a comitiva integrada pelo Parque seguiu para Singapura, onde foi realizada uma imersão nos ambientes de inovação do país e visita às instituições estruturantes dos mecanismos de apoio ao empreendedorismo baseado em conhecimento naquele país. Os contatos iniciados irão permitir a cooperação do PCT Guamá de Belém e do Centro de Inovação Aces Tapajós (CIAT) de Santarém com instituições internacionais, incrementando o conjunto de serviços oferecidos para as empresas paraenses.
As atividades fizeram parte da Missão Anprotec, organizada pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores, que destaca ao mundo referências em inovação no ecossistema brasileiro.
Plano Amazônia Agora
O PEAA é a principal iniciativa para reduzir o desmatamento no Pará, lançado em agosto de 2020. O plano visa diminuir em pelo menos 37% as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) provenientes da conversão de florestas e uso da terra até 2030, com a meta de aumentar para 43% até 2035, em comparação com a média de 2014 a 2018.
Além de combater o desmatamento, o PEAA busca intensificar a regeneração vegetal, com a meta de restaurar 5,65 milhões de hectares até 2030 e 7,41 milhões de hectares até 2035. O Pará, que possui 125 milhões de hectares, é o estado brasileiro que mais emite GEE. O objetivo do PEAA é transformar o Pará em um estado de emissões líquidas zero de GEE até 2036, eliminando sua contribuição para as mudanças climáticas. Para isso, o plano se baseia em uma estratégia robusta, estruturada em quatro componentes principais e três componentes transversais.
Referência em inovação na Amazônia
O PCT Guamá é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Técnica e Tecnológica (Sectet), que conta com a parceria da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e gestão da Fundação Guamá.
É o primeiro parque tecnológico a entrar em operação na região Norte do Brasil e tem como principal objetivo estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável.
Localizado às margens do rio Guamá, que dá nome ao complexo, o PCT Guamá está situado entre os campi das duas universidades e conta com um ecossistema rico em biodiversidade, estendendo-se por 72 hectares, destinados a edificações e à Área de Proteção Ambiental (APA) da Região Metropolitana de Belém.
O complexo conta com mais de 30 empresas residentes (instaladas fisicamente no parque), mais de 60 associados (vinculadas ao parque, mas não fisicamente instaladas), 12 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos, com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará (Eetepa) Dr. Celso Malcher, além de atuar como referência para o Centro de Inovação Aces Tapajós (Ciat), em Santarém, oeste do Estado.
Membro da Anprotec e Iasp, o PCT Guamá faz parte do maior ecossistema de inovação do mundo.