8 de março: 10 cientistas brasileiras para se inspirar

Brasileiras enfrentam dificuldades e fazem história na ciência. | Foto: Getty Images

De acordo com um artigo das Nações Unidas (ONU), as mulheres e meninas representam metade da população mundial. No entanto, a disparidade de gênero nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) tem contribuído para a imagem predominante do cientista como sendo do sexo masculino.

A participação feminina nessas áreas é limitada, com apenas 35% das mulheres matriculadas em cursos universitários de STEM, sendo que esse número é ainda menor nas áreas de engenharia e tecnologia, com menos de 28% do total. Esse desequilíbrio também se reflete no mundo acadêmico, onde apenas uma em cada dez membros das academias nacionais de ciências é mulher, além de receberem bolsas de pesquisa menores que seus colegas homens.

Apesar desses obstáculos, diversas mulheres brasileiras têm desafiado as dificuldades enfrentadas na área e feito história na ciência. Conheça abaixo 10 trajetórias.

Angelita Gama – Paraense da ilha de Marajó, foi reconhecida pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e apontada como uma das cientistas que mais se destacaram no mundo em 2021. Uma das cientistas mais premiadas do país, a pesquisadora brasileira é professora emérita da Universidade de São Paulo (USP). Publicou centenas de trabalhos científicos, ganhou mais de 50 prêmios nacionais e internacionais.

Bertha Lutz – Bertha Lutz foi uma bióloga e cientista especializada em anfíbios. Ela estudou na Universidade de Paris, França, e, em 1919, tornou-se pesquisadora do Museu Nacional do Rio de Janeiro após descobrir uma nova espécie de sapo. Além de suas realizações na ciência, Lutz participou da Conferência das Nações Unidas em São Francisco, Estados Unidos, em 1945, onde lutou pela inclusão da igualdade de gênero na Carta das Nações Unidas.

Márcia Barbosa – Márcia é uma renomada cientista brasileira, especialista em estudos relacionados à água e doutora em física. Além de ser diretora da Academia Brasileira de Ciências e integrante da Academia Mundial de Ciências, ela é também professora e pesquisadora no Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde concluiu sua graduação, mestrado e doutorado. Em reconhecimento a sua contribuição para a ciência, Márcia foi eleita pela Forbes, em 2020, como uma das 20 mulheres mais influentes do Brasil.

Débora Diniz – Antropóloga, documentarista e professora licenciada da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB), é especialista em bioética. Fundou o Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis), que atua, principalmente, com os direitos reprodutivos das mulheres. É autora do livro “Zika – do Sertão Nordestino à Ameaça Global”, vencedor do Prêmio Jabuti na categoria Ciências da Saúde em 2017.

Jaqueline Goes e Ester Sabino – Jaqueline Goes de Jesus, biomédica, e Ester Sabino, imunologista, ficaram famosas por terem sequenciado o genoma do novo coronavírus apenas 24 horas após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil. Jaqueline é especializada em pesquisas relacionadas a arboviroses emergentes e também faz parte de um projeto de mapeamento genômico do vírus Zika no Brasil. Por sua vez, Ester é pesquisadora do Laboratório de Parasitologia Médica, tendo contribuído com trabalhos sobre HIV, doença de Chagas e anemia falciforme.

Maria José Deane – A paraense Maria José Deane tornou-se uma renomada médica parasitóloga após se formar na Faculdade de Medicina e Cirurgia em 1937. Ao lado de seu marido, também um cientista, ela percorreu o Brasil estudando doenças causadas por parasitas. Em 1980, assumiu a posição de chefe do departamento de protozoologia na Fiocruz e posteriormente ocupou o cargo de vice-diretora da instituição. As pesquisas de Maria José foram cruciais para a erradicação de epidemias causadas por parasitas e para o avanço da saúde pública no Brasil.

Nise da Silveira A médica psiquiatra Nise Magalhães da Silveira é amplamente reconhecida por sua contribuição à psiquiatria e por ter revolucionado o tratamento mental no Brasil. Aluna de Carl Jung, ela dedicou sua vida ao trabalho com doentes mentais e manifestou-se radicalmente contra as formas de tratamento agressivas de sua época, como o confinamento em hospitais psiquiátricos, eletrochoque, insulinoterapia e lobotomia. Além disso, Nise foi pioneira ao perceber o valor terapêutico da interação de pacientes com animais. Seu legado é de grande importância para a psiquiatria e a saúde mental no Brasil e no mundo.

Elisa Frota Pessoa Elisa foi uma das pioneiras na formação de mulheres em física no Brasil. Durante seus estudos, ela se destacou na pesquisa de radioatividade e contribuiu para a fundação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, onde coordenou o Laboratório de Emulsões Nucleares. Elisa também teve a oportunidade de estudar na University College de Londres, consolidando ainda mais seu conhecimento em física e contribuindo para o avanço da área no Brasil.

Enedina Alves Marques – Enedina, formada em engenharia civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1945, quebrou barreiras ao se tornar a primeira engenheira negra do Brasil. Na época de sua formatura, ela era a única mulher em sua turma, composta por 32 engenheiros brancos. Além de professora, ela trabalhou como chefe de obras públicas e participou do desenvolvimento do Plano Hidrelétrico do Paraná. Em um ambiente dominado por homens, Enedina enfrentou desafios e, segundo relatos, carregava uma arma na cintura, disparando tiros para o alto como forma de ganhar respeito e reconhecimento por seu trabalho. Sua história inspiradora é um exemplo de perseverança e luta por igualdade de gênero e raça na área de engenharia.

Thelma Krug – Thelma Krug é uma matemática, professora e pesquisadora brasileira que atua na área de mudanças climáticas. Ela é graduada e possui mestrado pela Roosevelt University, nos Estados Unidos, e concluiu seu doutorado em estatística espacial na Universidade de Sheffield, na Inglaterra. Thelma também atuou como pesquisadora no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e, desde 2015, é a vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC na sigla em inglês), uma organização criada pela ONU para lidar com questões relacionadas ao clima. Sua experiência e contribuição para a pesquisa e conscientização sobre as mudanças climáticas são de extrema importância em um mundo em que ações para enfrentar as crises climáticas se tornaram uma necessidade urgente.

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